Carvalho-de-Monchique (Quercus canariensis)
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Há uns dias surgiu na blogosfera um apelo veemente no sentido de se salvarem os eucaliptos de grande porte que estão a ser abatidos na "estrada da Fóia" em Monchique, as últimas grandes árvores que teriam sobrado- (presumo que) nessa parte da estrada- do grande incêndio de 2004.
Também se interrogava Manuela Rocha sobre o destino das árvores que na estrada de Monchique para o Alferce se encontram assinaladas por marcas vermelhas. Provavelmente o legítimo proprietário já as destinou para o abate, contando com o provento que delas poderá obter.
Mas repito aqui o que já escrevi no Dias sem árvores: será que se justifica o abate de árvores de grande porte mesmo que em propriedade particular, quando de certo modo elas se tornaram parte integrante da paisagem de um local e por isso "pertença" de todos? Qual o papel das autarquias nestes casos? Não "deveriam" adquirir essas árvores e zelar assim pelo património natural das localidades? Muitas delas mereciam ser classificadas de interesse público como foi o caso desta de que hoje se publicam alguns "instantâneos", obtidos justamente no Verão 2004 (antes da segunda leva de incêndios).
Trata-se de um Quercus canariensis, classificado em 1993, que se encontra na E.N. 267 - a referida "estrada do Alferce"-ao Km. 32,820).
Este espécie de carvalho de folha semi persistente é originária da zona mediterrânica ocidental : Sul de Espanha, Portugal e África do Norte (onde se podem encontrar exemplares de porte excepcional, geralmente associados "a lugares sagrados") .
Conhecido entre nós por carvalho-de-Monchique, é, noutros idiomas, designado por uma grande variedade de nomes todos eles interessantes pela informação que transmitem: em árabe- zen; em francês- chêne zène, zéen ou zan, chêne de Kabylie, chêne des Canaries , chêne algérien, chêne de Mirbeck ; em inglês- algerian oak, canary oak, Mirbeck's oak ; em espanhol- quejigo moruno, quejigo andaluz, quejigo africano e roble andaluz. (fontes: aqui , aqui e aqui) .
A placa que assinala a classificação deste exemplar indica ser uma árvore centenária; já na publicação do Instituto Florestal, Árvores isoladas, maciços e alamedas Classificadas de Interesse Público (1995), pode ler-se que «é relativamente jovem, mas importante pela sua raridade». As suas dimensões, de acordo com o referido documento oficial, seriam então: 22.50 m. de altura, 2, 80 de circunferência a 1.30 m. e 21.00 de diâmetro médio da copa. Também aí se diz ser este carvalho propriedade da Junta Autónoma das Estradas. Na publicação homónima do mesmo Instituto (versão policopiada) de 2003, há dúvidas quanto aos proprietários, na medida em que aparece também como possível dono a C.M. de Monchique (para além da JAE).
Neste concelho, no lugar do Pomar Velho, foi classificado em 1997 outro Quercus canariensis.
Outras árvores classificadas de Monchique: Araucárias classificadas - Plátano- Sobreiro centenário
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