O carvalho viajante
«As folhosas exóticas vieram para a Nova Zelândia com os primeiros colonos europeus, saudosos do aconchego do conhecido numa paisagem marcadamente diferente da de Inglaterra. O carvalho-comum, Quercus robur, foi um dos primeiros a chegar, com os missionários por vezes empacotando um pequeno saco de bolotas juntamente com bíblias e outros artigos de necessidade. O mais velho sobrevivente desses carvalhos pioneiros é um espécime soberbo, vegetando orgulhosamente num prado perto de Waimate North. Segundo os registos, esse carvalho foi plantado, como bolota, a 15 de Fevereiro de 1824, pelo Reverendo Richard Davis, perto da sua casa de missão em Pahia. Quando uma noite a casa se incendiou, o reverendo terá concentrado os seus esforços no salvamento do seu precioso carvalho, cobrindo-o com mantas molhadas. A casa foi destruída. Quando Davis foi transferido para Waimate North em 1831, o carvalho foi cuidadosamente transplantado para o local onde hoje se encontra.»
Do prefácio de Julian Matthews ao livro The trees in New Zealand - Exotic trees: the broadleaves de J. T. Salmon (Reed Books, 1999)
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O livro inclui uma foto desse histórico carvalho, no meio de um prado, com amplo espaço para expandir a sua vastíssima copa. Em Portugal, onde o Quercus robur é espontâneo, não temos árvores assim tão felizes: ora as trucidamos com podas, ora as sufocamos com asfalto ou cimento, ora lhes negamos espaço para se desenvolverem.
Já pensaram? Também as nossas árvores precisam de emigrar para se mostrarem em todo o seu esplendor.
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