07/02/2005

Cuidado com as etiquetas # 2

Embora, tal como as coníferas e as cicas, a Ginkgo seja uma gimnospérmica (plantas cujas sementes não estão envolvidas por um fruto polposo), e tivesse sido até final do século XIX considerada uma conífera, as suas peculiaridades fizeram com que fosse incluída num grupo à parte, o das Ginkgophytas (que consiste numa única ordem, a das Ginkgoales, com uma só família, Ginkgoaceae, formada por uma único género vivo, Ginkgo). Em suma: ao contrário do que nos ensina esta placa nos jardins do Palácio de Cristal, há mais de cem anos que não se considera a Ginkgo uma conífera. É bom que haja placas identificativas, como defende Duarte de Oliveira no texto de 1882 que a seguir transcrevemos - mas melhor seria se estivessem correctas.

«É motivo de forte gargalhada, e, ao mesmo tempo, de justo sentimento, ouvir os nomes esquisitos que muitas pessoas, aliás ilustradas dão às plantas. Há pouco tempo ainda, estando o signatário destas linhas com um seu amigo e sentados num dos bancos colocados em frente ao edifício do Palácio de Cristal, ouviram dizer a um sujeito que com outro passeava:

- Não achas de péssimo efeito estes pinheiros e cedros plantados aqui no jardim?

Ao ouvir isto, olhamos para o nosso amigo, que não pode reprimir o riso provocado pelos nomes que aqueles senhores davam às Araucárias. O gosto pela floricultura tem-se desenvolvido muito; mas para progredir, é necessário saber o verdadeiro nome das plantas. A colocação das etiquetas nas plantas dos jardins públicos são lições práticas de botânica e o melhor método para vulgarizar os seus nomes.»

(Jornal de Horticultura Prática, Vol. XIII, Abril 1882, p. 79)

1 comentário :

Anónimo disse...

Claro que é impossível que os "ilustrados" responsáveis pelo jardim não tenham dado já conta dos erros (isto é caso andem pelo jardim claro ...). o problema é o espírito "deixa andar". Já agora outro exemplo: no Parque da Cidade há lá uma placa identificativa de um lodão que se mantem com uma gralha desde que foi colocada: "lobão" é o nome que ostenta. Passam os meses, os anos e ninguém parece importar-se com isso. Who really cares?
S (de Sementinha)