14/03/2007

Aromas de África



Freylinia lanceolata

À entrada do jardim de Serralves, na primeira curva à direita, vegeta um arbusto de hábito pendente com enormes ramos arqueados e que exibe, durante quase todo o ano, lindos cachos terminais de flores com forte aroma a mel. As folhas opostas e o formato tubular das flores, com cinco pétalas unidas e quatro estames presos às pétalas, sendo dois mais longos, colocam-no facilmente na família Scrophulariaceae, que é predominantemente de herbáceas, mas não dispúnhamos de nenhum guia de flora europeia, ou do hemisfério norte, que o descrevesse. O livro Field guide to trees of Southern Africa, de Braam van Wyk e Piet van Wik, resolveu finalmente o mistério: trata-se de uma planta do Cabo, Freylinia lanceolata, que aprecia o frio, solos húmidos e margens de ribeiros, mas é resistente ao calor se a chuva não faltar. As folhas são longas e estreitas (lanceoladas), de cor verde-baço, com o veio central saliente na face inferior. A floração ocorre a partir dos dois anos de idade e a propagação por sementes é considerada fácil pelos horticultores.

Escusado dizer que não somos os únicos a reparar neste arbusto tão ornamental. Por ser melífero, atrai uma multidão de insectos, que por sua vez são alimento para muitos pássaros. E no século XIX, cerca de 1817, o conde italiano Freylino plantou-a nos seus jardins de Buttigliera, atraindo a admiração dos visitantes e garantindo a difusão desta planta pela Europa.

1 comentário :

Anónimo disse...

sempre que cá venho, lembro-me de Fernanda de Castro: «(...)lembras-te de me ouvir dizer, milhares de vezes: "se um dia entrarem cá em casa e não virem uma flor, tenham pena de mim?".É por isso que, apesar de tudo, continuo a ter, no meu quarto, no vão de uma janela, duas prateleiras em que se apertam vasos trazidos pelos amigos mais queridos: uma begónia, um cíclame, um jacinto, um antúrio.»