Cravinho no caminho
Velezia rigida Loefl. ex L.
Na primeira vez que subimos ao monte Calábria, perto dos rios Douro e Côa, ela ainda não estava lá. Ou estaria, mas, depois de uma caminhada entre vinhas e prados pedregosos e ralos, havia tanto para descobrir e sobrava tão pouco fôlego que não demos por nada. Na segunda visita, com mais calor e secura, e os caminhos mais estreitos pelo avanço da vegetação rasteira que sabe aproveitar a ausência de pisoteio, a subida custou ainda mais mas o vagar compensou. Notámos uns caules rígidos e erectos, com umas folhitas lineares de uns 2 cm de comprimento, encimados por pintinhas cor-de-rosa. Julgámos tratar-se de cravos de cálice longo, debilitados pela falta de água, mas a foto da flor (bastante aumentada, ela não mede mais do que uns 6 milímetros de diâmetro) revelou-nos a sombra de uma flor dentro de outra, e os cravos não costumam ser assim.
Apesar de ter uma distribuição ampla em Portugal (só não há registo dela a sul e no noroeste), onde aprecia bordos de caminhos, matagais rasteiros e terrenos cultivados, não tem nome vernáculo. É anual e bastante viajada, nativa do sul da Europa e parte da região mediterrânica, e floresce entre Maio e Junho. O nome do género é uma homenagem ao boticário e naturalista espanhol Cristóbal Velez (1710-1753), discípulo e colaborador de dois botânicos espanhóis famosos, Juan Minuart (1693–1768) e José Quer y Martinez (1695-1764).
O género Velezia contém actualmente nove espécies das quais apenas duas (a V. rigida L., a única que ocorre na Península Ibérica, e a V. quadridentata Sibth. & Sm.) têm nome assente e não controverso. São ambas miúdas e bonitas; onde existem, convém pisar o chão ao de leve.
Monte Calábria, Almendra, Vila Nova de Foz Côa
2 comentários :
Não é o mesmo que ir, mas olhar as fotos já dá algum prazer. Imagino que não haja tanto calor por essas paragens.
Boa continuação de semana.
Será que as vinhas que se vêm do lado direito da foto se trata da Quinta da Erva Moira? penso que sim.
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