Rosa rasteira & amarela pernalta
Centaurea luisieri Samp., Sabugal
De acordo com as regras da taxonomia, o nome desta asterácea rara deve ser Centaurea amblensis Graells, descrita em 1859 pelo naturalista espanhol Mariano de la Paz Graëlls y de la Aguera (1809-1898) nas Memórias da Real Academia de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales de Madrid. O epíteto refere-se ao Valle de Amblés, na zona central da província de Ávila, vizinho da serra de Gredos onde esta planta também ocorre. Algumas Floras mantêm, contudo, a designação que Sampaio lhe atribuiu em 1916, a partir de exemplares portugueses que talvez tenha visto a sul do rio Douro, perto de Tabuaço. Sampaio escolheu o epíteto luisieri em homenagem a Alphonse Luisier (1872-1957), um jesuíta suiço que estudou os musgos da Madeira e da Península Ibérica.
A população das fotos, que só encontrámos porque o Miguel Porto e a Ana Júlia Pereira nos indicaram a localização, mora numa berma de estrada perto do Sabugal, na orla de terrenos cultivados que pareciam estar em pousio. Trata-se de um habitat de risco, em especial (e como já assinalou Franciso Clamote) pela "limpeza" regular dos taludes feita por entidades que não conhecem as plantas nem são informadas da sua importância ou raridade.
Esta herbácea é perene, de porte baixo, com uma roseta basal de folhas peludinhas, pinatífidas e de tom verde acinzentado; exibe no Verão, pelo que é então mais fácil de avistar, capítulos, grandes e redondos como pompons, de flores cor-de-rosa ou púrpura. É um endemismo ibérico, do noroeste da Península; as poucas populações conhecidas em Portugal são as registadas aqui.
Centaurea melitensis L.
A Centaurea melitensis, que é uma planta anual, é mais cosmopolita e fácil de encontrar. Não parece ser exigente quanto ao solo e aprecia bosques baixos e clareiras de matos. O epíteto também se refere a uma região, desta vez a ilha de Malta, que em latim se denominava Melita. As folhas são crespas, lanceoladas ou liradas, sésseis e de margens ásperas. O caule pode atingir os 80cm de altura e ao longo dele desabotoam inflorescências em geral solitárias, com espinhos longos a proteger flores pequeninas e amarelas. Vimo-la pela primeira vez na serra de Sicó mas também ocorre na Madeira e em algumas ilhas açorianas, onde é conhecida por cardo-beija-mão.
5 comentários :
Duas maravilhas, a primeira das quais bem rara!!
Tão lindas. Na amarela até a implantação dos espinhos é graciosa. Mas na verdade tais conhecimentos não podem exigir-se a quem anda com uma roçadoira e ordem de desbaste bruto. É quem ordena que tem de saber o quê.
Com a C. melitensis parece estar Sedum album e também um Teucrium, talvez algarvio...
Possivelmente o Teucrium capitatum...
Muito obrigado, Maria, pela gentileza da referência ao meu sítio.
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