Agrião gigante
Cardamine raphanifolia Pourr.
Uma consulta rápida à internet permite conhecer vários locais de venda on-line que comercializam saquetas de sementes desta herbácea de flores rosadas da família do saramago. Além do preço e das condições de envio do produto, informam o possível comprador de que as folhas se comem como as do agrião (os berros das ensaladas espanholas) e de que a planta é também útil para decorar as margens de rios. Mmm... Mas quem é que tem um rio em casa? E que rio é esse que precisa de atavios? E para quê gastar tempo e dinheiro para enfeitar a natureza?
Igual zelo decorativo terá presidido à decisão de bordejar as caldeiras dos vulcões açorianos com as exóticas hortênsias (Hydrangea macrophylla) e as terríveis conteiras (Hedychium gardnerianum), de cuja presença e invasão a flora endémica dos Açores jamais recuperará. Idênticas boas intenções estarão na origem do flagelo que é hoje o contingente de erva-das-pampas (Cortaderia selloana) que assola a reserva de São Jacinto, e está a colocar em risco muitas outras áreas protegidas do continente.
Por isso, caro leitor, permita-nos este alerta: se se encantou como nós por esta crucífera alta e vivaz, nativa do sul da Europa e da Ásia mas ausente da flora portuguesa, e se possui uma pena-de-água no jardim a pedir aformoseamento, um prado junto à casa de campo ou um bosque com uma clareira bem irrigada na quinta dos avós, pense três vezes antes de por ali espalhar sementes deste agrião gigante, ou de outra planta bonita mas exótica cujo potencial invasor desconhece.
1 comentário :
Solved. Sem água não há plantas. Talvez os cactos resistam. Apesar destes dias tristes que ameaçam água - sendo que esta é uma boa notícia -, mantém-se um défice substancial do mesmo liquido. Eu queria ter o ribeiro que já tive, correndo feliz sob o silvado. Mas nem um nem outro existem. E até o lugar deixou de pertencer-nos.
E no entanto é bonitinha a planta. Coo são lindas as hortenses dos Açores. O mal que fazem a outrém não as desfigura.
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