Jasmim das ilhas
Jasminum odoratissimum L.
Se o leitor nos visita de vez em quando, ou consulta assiduamente o portal Flora-On, decerto reconhece um jasmim nas fotos anteriores. Bastam-lhe, para isso, as flores, mas anote também as folhas trifoliadas, um pouco coriáceas e de um verde escuro. São detalhes comuns ao Jasminum fruticans, a única espécie (em cerca de duzentas) do género Jasminum que é nativa da Península Ibérica, e por cá amplamente distribuída. Contudo, o parente das Canárias é um arbusto em geral mais alto (pode chegar aos 4 metros de altura) e de copa mais volumosa. Sendo plausível que haja algum parentesco com as espécies continentais, como e com que vantagens ganhou essa estatura ao colonizar as ilhas Canárias? Pergunta idêntica se fez já relativamente aos dinossauros que, dizem os registos fósseis, terão começado pequenos e só milhões de anos mais tarde atingiram o porte gigante. Os animais terrestres têm de se manter aquecidos (o que, curiosamente, parece ser mais fácil para corpos volumosos), bem alimentados (complicado de assegurar sendo os recursos vegetais ainda escassos, mas mais acessível a bichos grandes de pescoço longo), com um peso que as pernas suportem (obrigando a ossos porosos e a cabeças leves) e confiantes num metabolismo que gaste mais energia a fazer crescer o corpo do que a mantê-lo oxigenado. Quanto às plantas, as limitações são aparentemente menores, mas elas dependem igualmente de um habitat protegido de ventos e tempestades, com solo estável e recheado de nutrientes, e de uma atmosfera propícia. E se, em vez de um substrato pedregoso, seco e pobre, numa região fria, dispõem nas ilhas de clima ameno, de uma orla de zambujal ou de um talude soalheiro à beira-mar com solo nutrido, húmido e bem drenado, por certo não hesitam em aproveitar a sorte e, sem querer, crescem, acedem a mais luz, ampliam a folhagem e, verdejantes e perfumadas, atraem mais polinizadores. Assim nasce uma nova espécie, obrigando a mais uma entrada nas Floras.
Florindo entre Dezembro e Abril, o Jasminum odoratissimum foi descrito por Lineu em 1753 e é uma espécie endémica da ilha da Madeira e das Canárias. As flores, colhidas de manhã cedo, são usadas para aromatizar tisanas; das pétalas retira-se um óleo (não se surpreenda, afinal a planta é da família Oleaceae) muito apreciado em perfumaria.
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