Tojo mole
Genista anglica L.
Das giestas espinhosas que são espontâneas no nosso país, a Genista anglica, pela sua ramificação frágil e quebradiça, é por certo das menos agressivas. Se lhe pressionarmos os espinhos com a ponta do dedo, é mais fácil eles vergarem-se do que sermos picados. Ao contrário do que sugere certo autor, não é crível que este arbusto possa servir para aliviar a comichão do gado que nele se roce. Congéneres seus mais encorpados como a Genista falcata e a G. tricanthos, possuidores de espinhos de comprovada rigidez, estão muito mais bem equipados para tal função. Sendo a G. tricanthos conhecida como tojo-molar, parece-nos apropriado, por contraste, chamar tojo-mole à G. anglica, apesar de na nossa língua, segundo algumas fontes, ela já ser chamada de aliaga.
Noutros idiomas, também não faltam nomes comuns à G. anglica; os melhores são uñagata (em castelhano), petty whin (em inglês) e steckelheide (em alemão), ficando-se os franceses por um preguiçoso genêt anglais. Curiosamente, os ingleses, em regra tão ciosos do que é seu, prescindiram neste caso de alardear a nacionalidade inglesa que Lineu outorgou a este arbusto. O pai da taxonomia botânica travou conhecimento com esta Genista em 1736, na Holanda, no jardim do anglo-holandês George Clifford III, banqueiro rico e grande entusiasta por jardinagem. Lineu presumiu que no estado natural a planta apenas ocorresse na Grã-Bretanha, país de onde haviam sido trazidas as sementes. De facto, ela é também nativa da Europa continental, estendendo-se a sua distribuição desde a Península Ibérica até à própria Suécia, terra natal de Lineu.
O tojo-mole (ou, vá lá, a aliaga) é um arbusto de até 1 metro de altura, que se distingue pela sua ramagem fina, pelos espinhos longos e ligeiramente curvados, pelas folhas elípticas, e pelos frutos engrossados. Vive em prados ou em matos (sobretudo urzais) com alguma humidade, por vezes na faixa de transição entre urzais ou prados mais ou menos secos e zonas higro-turfosas. Por isso mesmo, no local onde o encontrámos, na região raiana de Miranda do Douro, foi possível vê-lo quase lado a lado com o tojo-gadanho (Genista falcata), que prefere substratos mais secos, e tomar boa nota das diferenças: este último, além de ser bem mais robusto, com hastes vincadamente estriadas, tem flores claramente maiores e frutos mais compridos e estreitos.
Sem comentários :
Enviar um comentário