13/04/2023

Ensaiões III & IV

Aeonium aizoon (Bolle) T. H. M. Mes [= Greenovia aizoon Bolle]


As suculentas do género Aeonium são ideais para jardineiros preguiçosos: mais depressa sucumbem aos excessos de atenção (e de água) do que ao esquecimento e ao desleixo. Dotadas de invejável longevidade, fazem-se notar, ano após ano, pela floração abundante e regular. Mesmo quando não estão floridas, valem pelas rosetas de folhas carnudas, de uma simetria perfeita. Em climas mais frios, podem ser cultivadas em vasos dentro de casa; em lugares de clima mais temperado (como seja toda a faixa litoral do nosso país), adaptam-se perfeitamente ao cultivo ao ar livre. Nunca devemos esquecer que, nas suas ilhas de origem (quase todas elas provêm das Canárias), as temperaturas tendem a ser cálidas e a chuva se resume a episódios esporádicos.

Com excepção de três espécies na África continental (uma em Marrocos, duas na costa oriental), o género Aeonium é exclusivo das ilhas da Macaronésia; e, tirando as duas espécies madeirenses (A. glandulosum e A. glutinosum), todas as restantes, que totalizam 33 (ou umas 40, se contarmos subespécies), são endémicas das Canárias. As diferentes espécies podem tomar aspectos muito diversos, o que motivou a divisão do género Aeonium em sete secções. Uma delas é a secção Greenovia, que tradicionalmente constituía um género independente: as plantas dessa secção (que inclui A. aizoon, acima ilustrado, e A. aureum) distinguem-se por terem folhas dispostas numa roseta basal de que emerge uma única haste floral, e sobretudo pelas pétalas estreitas e muito numerosas (até 32 em cada flor, quando nas demais espécies de Aeonium o número de pétalas não ultrapassa 12). A secção Leuconium, que inclui Aeonium urbicum (abaixo exposto), reúne espécies com rosetas de folhas terminais (i.e., nas extremidades das hastes) e com flores variando entre o branco, o rosa e o vermelho. A outra espécie aqui exibida na ocasião anterior, Aeonium spathulatum, muito ramificada e de folhas pequenas, pertence a uma terceira secção, denominada Chrysochrome. Em fascículos posteriores, se os houver, trataremos das secções ainda por ilustrar.

Não fugindo àquela que tem sido a nossa regra, ambas as protagonistas de hoje são endémicas de Tenerife. A bea de Güímar (nome comum do Aeonium aizoon) vive nas montanhas do município com o mesmo nome, no centro-leste de Tenerife, acima dos 1000 m de altitude, em lugares pouco acessíveis. Para tristeza de jardineiros e coleccionadores, dá-se mal em cultivo fora do seu habitat natural, além de ser planta de vida curta — é pois preferível deixá-la em paz nas rochas onde escolheu viver. Já o bejeque puntero (Aeonium urbicum) — que parece uma miniatura de árvore com a sua haste muito erecta, não ramificada, encimada por avantajada inflorescência piramidal — é menos refractário ao cultivo, mas tem a desvantagem de ser monocárpico: floresce uma só vez na vida, produzindo uma legião de sementes e morrendo de seguida.

Aeonium urbicum subsp. meridionale Bañares

1 comentário :

ZG disse...

Beldades exóticas fascinantes!!