Grão-de-bico canarino
Um dos endemismos mais raros das ilhas Canárias é um bizarro grão-de-bico. Os poucos núcleos conhecidos moram em recantos frescos de barrancos em áreas montanhosas elevadas das ilhas de La Palma e Tenerife. A população mais abundante que encontrámos em La Palma, com cerca de 20 plantas, estava num local dominado por Pinus canariensis; em Tenerife, também num pinhal, o único exemplar à vista estava protegido por uma cerca metálica, numa tentativa até ali bem sucedida de evitar que as cabras a comessem.
Cicer canariense A. Santos & G. P. Lewis
É credível, pelas flores e frutos, que o grão-de-bico das Canárias, Cicer canariense, tenha um antepassado próximo comum com a espécie Cicer arietinum, de cujos cultivares se extrai o grão-de-bico usado em culinária. Mas as folhas do Cicer canariense são muito diferentes. Pinadas, compostas por cerca de 50 folíolos lineares finos, como agulhas dispostas em duas fiadas, rematadas por uma gavinha, lembram as do género Vicia — e, entre 1960 e 1983, quando a planta foi descoberta e foram colhidos os primeiros exemplares para herbário, ela chegou provisoriamente a ser etiquetada como Vicia glandulosa.
Esta herbácea é perene, de base lenhosa, e toda ela muito peludinha. Os talos podem chegar aos 2 metros de comprimento e adoptar modos de trepadeira. As flores têm pé curto, nascem em cachos ralos e são rosadas, a tender para o violeta. Aspectos que as fotos não mostram porque os exemplares que encontrámos em Maio num pinhal do Barranco de Briestas, na vertente noroeste do vulcão de Taburiente (La Palma), mantiveram as flores fechadas durante toda a nossa visita; e o único exemplar que vimos em Tenerife, numa encosta do Teide, ainda não tinha florido. Mas o leitor pode conferir esta descrição aqui. As vagens dos frutos parecem inchadas, mas é para conterem com folga 6 a 8 grãos-de-bico, que nascem esverdeados e escurecem ao amadurecer.
1 comentário :
Maia uma rara e extraordinária beldade!
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