Gigil (*)
que governam os jardins. Os tribunais são sensíveis
aos odores que vêm da janela, e os juízes reduzem
cada pena de prisão a metade,
pois consideram que, em cidade
tão bela e cheirosa, estar fechado equivale
ao dobro do sacrifício.
Publicada por
Maria Carvalho
em
27.3.25
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Etiquetas: Amaryllidaceae , Gonçalo M. Tavares
Estudos recentes parecem indicar que, num formigueiro, nenhuma formiga é insubstituível. Nem mesmo a rainha, responsável pela renovação da população de formigas, tem essa prerrogativa. E a sobrevivência de cada colónia de formigas depende da eficiência e versatilidade da maioria dos seus habitantes. O sucesso desta estratégia é inquestionável: diz-se que a população de formigas (nome genérico para inúmeras espécies) na Terra excede os 20 mil biliões de indivíduos. Contudo, a quem valoriza o talento individual, encara a especialização no trabalho como um objectivo e cataloga a sociedade pelo tipo de emprego que cada um tem, esta estrutura da sociedade das formigas soa inverosímil. É certo que as tarefas que conseguimos listar para uma formiga não se nos afiguram demasido complexas. Mas a coordenação de um número muito elevado de formigas, que age aparentemente sem um líder como se se tratasse de um único ser vivo múltiplo, requer que cada formiga seja pouco exigente e não muito especializada. Entre nós, pelo contrário, há aquelas pessoas excepcionais que, tendo atingido um tal grau de mestria no seu trabalho, são de facto inigualáveis. Exemplo? Um vigilante da natureza depois de duas ou três décadas de caminhadas pelos inúmeros recantos do parque natural que tem a seu cargo proteger. Quando se reforma, todos lamentam a perda de memória sobre um vasto território natural, e reconhecem que a sua erudição sobre bosques, turfeiras, riachos, montanhas, flora, fauna, conservação da natureza e biodiversidade será difícil de recriar. Foi um destes notáveis vigilantes da natureza, entusiasmado e bem disposto, com um à-vontade invejável a calcorrear as penedias do Parque Natural da Peneda-Gerês, que ajudou alguns botânicos a encontrar perto da Fonte Fria um núcleo desta asterácea muito rara.
Publicada por
Maria Carvalho
em
20.3.25
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Etiquetas: Asteraceae , Castela e Leão , Peneda-Gerês
Por ser esse o nome que lhes é dado na Madeira, chamamos ensaiões às plantas suculentas do género Aeonium. Nesse arquipélago as espécies endémicas são apenas duas: A. glutinosum e A. glandulosum, ambos de flores amarelas. Nas Canárias, de onde se presume que o género seja originário, os ensaiões são em muito maior número, diversificando-se tanto na forma de crescimento como na cor das flores. Os endemismos contam-se às dezenas, e incluem desde plantas rasteiras a arbustos de porte respeitável. Bastaria uma ilha só, a de Tenerife, com dezena e meia de espécies ou subespécies próprias, para ficarmos cientes dessa riqueza — de que já demos amostras elucidativas aqui e aqui, tendo ainda feito uma incursão a La Palma com o mesmo propósito. Mas a pulsão coleccionista leva-nos a querer conhecer os ensaiões das restantes ilhas das Canárias, mesmo que alguns nos pareçam pequenas variações de figurinos já conhecidos. Hoje aportamos a La Gomera para o primeiro de dois novos fascículos desta série intermitente.
Publicada por
Paulo Araújo
em
15.3.25
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Etiquetas: Canárias - La Gomera , Crassulaceae