21/11/2006

Mecenas para uma Chorisia



A sumaúma (Ceiba pentandra, da família Bombacacea) foi para os índios da América Central a árvore-da-vida. Apreciamos hoje em museus valiosas peças indígenas em cerâmica ornamentadas com representações dos picos típicos do seu tronco. Depois da conquista do México, muitos exemplares desta espécie, que hibrida facilmente e cujas sementes são apreciadas por papagaios, foram disseminados pelos trópicos com a intenção de se produzir paina em larga escala. Ao Porto chegou muito mais tarde, cremos que no fim do século XIX, um exemplar de outra espécie de Ceiba, género que abriga hoje as espécies que tradicionalmente se designavam por Chorisia. Esse famoso exemplar, uma Chorisia speciosa de grande porte e copa larga mas que sofre com o frio nortenho, vegeta no Jardim das Virtudes e está agora no auge da floração como a foto documenta. Espectáculo que só pode ser apreciado ao longe, do Passeio das Virtudes, porque desde 25 de Agosto que o Jardim das Virtudes está fechado ao público.

Acredita-se que não haja verbas municipais para escorar os socalcos, para os cercar com resguardos, para lá plantar mais camélias e outras árvores, para alterar o aspecto degradado da entrada no Jardim. Mas não haverá um mecenas que reconheça o interesse em regenerar este espaço verde, devolvendo-lhe a dignidade e o valor patrimonial que teve no tempo em que era o Horto das Virtudes ao cuidado de José Marques Loureiro, garantindo além disso boa propaganda e generosa dedução em impostos?

6 comentários :

Anónimo disse...

Penso ser essa a árvore que em Cuba chamam de Ceiba ou "Árvore do turista", porque a casca do seu tronco se desprende facilmente.... como pele de turista branquelas desavisado com o sol do Caribe... :-)
Nasci em Miragaia, no Largo de S. Pedro, o da Igreja, e lembro-me de as Virtudes serem uma espécie de lugar misterioso onde as crianças não podiam ir - agora sei que era por causa da degradação do espaço, que se tornava altamente perigoso para diabinhos à solta.
Concordo consigo Maria, que pena que ninguém deite a mão a esse recanto... Será porque fica em terras de gente pobre? Ah se o horto estivesse ali por Gomes da Costa, Praça do Império. Não consigo deixar de pensar que seria diferente.

Aldina Duarte disse...

A Chorisia, mecenas eu pudesse ser!

A Árvore eleita do meu coração, do meu corpo e da minha alma nas tardes soalheiras do verão, nos meios-dias outunais, no entardecer invernal, nas chuvas primaveris... num jardim das virtudes citadinas!

Até sempre!

Aldina Duarte disse...

Sumaúma é um dos nomes da Chorisia, entendi bem?

Paulo Araújo disse...

Sumaúma é outra árvore (em inglês chamada kapok), embora também do género Ceiba; o nome vulgar da árvore das Virtudes é paineira.

Anónimo disse...

Quem quer não pode e muitas vezes quem pode não quer. Desejo sinceramente que surja alguém que queira e possa. Em Coimbra, na Rua dos Combatentes da Grande Guerra cortaram uma dessas árvores que durante décadas alegrou o olhar dos mais sensíveis, sobretudo nesta época do ano em que se cobria de flores. Julgo haver alguma confusão entre Ceiba, Chorisia e Kapok, seria bom que quem soubesse-ao certo- nos explicasse as diferenças. Já agora aproveitava para perguntar se essa árvore dá sementes e se tem conhecimento de alguém já ter experimentado a sua viabilidade.Obrigado
António Gândara-Coimbra

Miguel Jorge disse...

Já experimentei semear as sementes de um fruto de Chorisia Speciosa que existe no jardim em frente à entrada do museu de Arte Antiga em Lisboa, e nasceram todas. Aliás dão-se bébes de Chorisia Speciosa com um ano de idade para quem tenha terreno e clima convenientes.