26/06/2007

Um arca sem água



Jardim da Arca d'Água (Porto), 24 de Junho de 2007

Foi preciso que D. Sebastião se perdesse no desastre de Alcácer Quibir para que, da capital do reino (entretanto mudada para Madrid), alguém acudisse à nossa sede. No local onde desde 1920 existe o Jardim da Arca d'Água, havia uma fonte de onde jorrava grande quantidade de água, e que ficou conhecida como manancial de Paranhos. Reinando D. Sebastião, pediu-lhe o Senado da Câmara do Porto licença para usar o manancial para abastecer uma rede pública de distribuição de água; mas só em 1597, com Filipe II de Espanha, é que veio a autorização para a empreitada. As águas do manancial brotavam copiosamente do subsolo da arca, que era uma construção quadrangular, fechada à chave, forrada a cal e azulejos, e de onde a água era conduzida, por uma combinação de aquedutos e condutas subterrâneas, aos chafarizes do Porto. O conforto da água ao domicílio só cá chegaria na penúltima década do século XIX, vinda não já de Paranhos mas do rio Sousa, afluente do Douro. Mas durante quase três séculos foi a Arca d'Água que deu de beber à cidade. Por isso tem um significado quase apocalíptico encontrar seco o lago do jardim. Talvez para limpeza ou manutenção, alguém levantou a tampa e deixou escoar a água pelo ralo; mas, feito o que havia a fazer, tratava-se de encher o lago sem mais delongas: não é aceitável manter o jardim com essa chaga de cimento à mostra durante meses a fio.

P.S. Veja aqui foto de uma antiga arca no jardim dos SMAS

4 comentários :

Anónimo disse...

Vou tentar falar com o Arq. Pedro Aroso, que tuteia o Rui Rio, para saber o que se passa. Depois volto.

Cumprimentos

A.S.

ManuelaDLRamos disse...

nÃo é caso único na cidade. No Jardim do Passeio Alegre ambos os lagos estavam ainda no Sábado completamente secos.

Vieira Calado disse...

Vivi no campo durante a tenra infância. Como não haveria eu de adorar as árvores?
Constantemente aparecem no que escrevo, porque me estão na alma.
Um abraço.

ManuelaDLRamos disse...

Gosto muito deste jardim: das camelias, dás magnólias, dos plátnos e dos cedros, que se v^~em na fotografia. Que bonitos!