Palmeira de sete cabeças
Foto: pva 0502 - Phoenix reclinata na Rotunda da Boavista (Porto)
Congénere da palmeira-das-Canárias, a tamareira-do-Senegal (Phoenix reclinata) é uma palmeira que em geral brota em múltiplos espiques, que inclinam graciosamente as coroas de palmas que os encimam. A formação destas touceiras de caules recurvados permite distingui-la da verdadeira tamareira (Phoenix dactylifera) que tem folhas de um verde azulado e é usualmente solitária. As folhas são pinadas, de 2-3 metros de comprimento, com espinhos em vez de folíolos na base; as drupas alaranjadas, comestíveis e parecidas com tâmaras, pendem de cachos que lembram vassourinhas de contas. Como todas as palmeiras do género Phoenix, é uma espécie dióica, exibindo inflorescências femininas amarelas muito vistosas que nascem nas axilas das folhas.
O conjunto da foto mora no jardim da rotunda da Boavista. Tem tolerado o frio da cidade, de que naturalmente não gosta, sobreviveu à invasão da rotunda por automóveis, que perturbou por alguns meses a sua calma existência, e foi poupada durante a recente requalificação do jardim, que porém despiu de flores o canteiro onde vegeta.
A foto mostra também parte do alinhamento de liquidâmbares, aqui ainda sem as folhas do ano, que circunda o jardim; e, ao fundo, uma rampa novinha bastante reclinata. Não servindo, pela inclinação tão acentuada, para peões normais, este apêndice da Casa da Música tem porém uso assegurado. Com a progressiva mineralização de muitas praças na cidade, antes ajardinadas e agora, graças ao progresso, transformadas em vastas eiras de pedra, o gosto pelas várias formas de patinagem tem-se acentuado entre os jovens portuenses, que adoptam estes desertos como amplo espaço de treino. A prova maior da modalidade poderá fazer-se nesta rampa de luxo, disputando a internacionalização com a corrida de donas elviras e o afamado desfile de Pais Natais.
2 comentários :
É conhecida como a "Jerusalém" de Espanha. Mas, ao contrário do que o nome pode sugerir, não é por razões religiosas ou por um número especialmente abundante de igrejas. O que é singular em Elche é a abundância excepcional de palmeiras. À vista, parece que a cidade surgiu bem no centro de um conjunto colossal de palmeiras. De tal modo que, há cinco anos atrás, o palmeiral de Elche foi declarado património da humanidade.
Nesse ambiente sufocante, terrivelmente húmido, abrasadoramente quente, está-se mais em África ou no Oriente do que em qualquer outra cidade europeia. Por todo o lado, pequenos jardins (huertas) de plmeiras, rodeados de muros com cerca de 1 metro de altura.
A Huerta del Cura é um dos mais admiráveis jardins botânicos que conheço. Fica no coração de Elche. E é aí que se encontra a Palmeira Imperial, um exemplar que, por si só, justifica a ida a Elche. É uma palmeira de sete cabeças. Semelhante, em medida XXL, à palmeira de que fala a Maria de Carvalho. Fico a cismar se será só um fenómeno da natureza ou se existirá alguma relação entre a singularidade desta palmeira e o mítico candelabro dos sete braços.
Obrigada pela referência preciosa ao palmeiral de Elche e ao jardim botânico de Huerta del Cura. Os leitores sem planos para as férias têm aqui uma sugestão a não desperdiçar.
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