04/08/2005

Glicínia-de-flores-vermelhas



Fotos: pva 0507 - Sesbania punicea

Na rua do campo Alegre, num canteiro arrelvado onde sobressaem lantanas, há dois exemplares jovens de Sesbania punicea em flor, exibindo vagens de geração anterior que facilitam a identificação destes arbustos (têm 4 asas e portanto secção transversal quadrada). Endémica em quase toda a América do Sul, esta Fabaceae é bastante tolerante a solos pobres mas prefere climas quentes; tem crescimento rápido, o que lhe fragiliza os ramos e por vezes lhe encurta a vida. As inflorescências são cachos vermelho-laranja de flores com uma enorme pétala disposta em leque aberto de onde emerge um bico; este é um formato característico das flores das leguminosas da subfamília Papilionoideae, como as eritrinas, as giestas, as glicínias, as olaias, as robínias, as sóforas ou as tipuanas.

Ao entusiasmo inspirado pela novidade de uma espécie exótica a ornamentar a cidade sobrepõe-se por vezes uma preocupação legítima dos botânicos com a invasão da nossa flora por espécies que revelam um sucesso excessivo na sua naturalização. A sua distribuição é frequentemente facilitada por perturbações na natureza, como incêndios, tempestades, alterações no uso da terra ou demasiada construção em zonas antes florestadas, que abrem clareiras onde a invasora se fixa e expande. Além disso, à ausência de inimigos naturais, o que aumenta a capacidade de produção de sementes viáveis e mais duradouras, associam-se agentes polinizadores novos que tornam mais eficaz a sua disseminação. As invasões biológicas favorecem a globalização que, como noutros domínios, corresponde a perda de identidade local com a extinção de muitas espécies nativas.

O decreto-lei 565/99 regula a introdução de espécies não indígenas em território português (os organismos geneticamente modificados têm legislação própria). Proíbe a comercialização, cultivo, exploração económica ou libertação na natureza de espécies exóticas que possam conter algum risco ecológico. Das cerca de 400 espécies vegetais consideradas introduzidas, apenas 27 são, neste decreto, classificadas como perigosas. A Sesbania punicea tem-se revelado extremamente invasora noutros ecossistemas, mas não consta desta lista.

1 comentário :

Anónimo disse...

Agradeço material (texto e fotografias) postadas por Maria Carvalho, mostrando a "Glicínia-de Flores-Vermelhas", ou, como chamaria, "Glicínia-Vermelha", ou, ainda melhor, "Sesbania-Vermelha".
Tinha um exemplar desse comigo há tempos. Via-o ocasionalmente numa calçada ou num jardim, mas vinha tentando encontrar seu nome científico há tempos e não conseguia!!!
Agradeço pela oportunidade de vê-la aqui exposta, assim pude guardar mais esta informação importante para mim.
Não tenho visto esta espécie com muita freqüência aqui em minha região ou em áreas por onde passei.
Sou muito observador, creio não ter cruzado a região onde a espécie medra com mais intensidade.

Agradecido!!!