Os metrosíderos do Castelo do Queijo
Metrosideros excelsa
Quem os plantou não sabia que a mão de Deus ali estava.
Quantos anos se esperou por aquele deslumbramento?
Quantas gerações ali foram aguardando o milagre da Natureza?
Ninguém sabe? nem é preciso!
O importante é o presente que nos pertence e o privilégio de o vivermos.
Passar lá com sol, é enfiar os olhos no verde meio claro da ramagem que a luz viva embrulha!
Olhar as folhas com a luz rouca e cinzenta da chuva é também um espanto!
Quando paramos para ouvir a música do vento fustigando as folhas (seja ele norte ou suão), nasce um concerto de luz e de dança deslumbrante.
São árvores? Não! São arbustos centenários que o tempo agigantou com uma imensidão de altura e uma copa enorme e densa impossível de medir.
Mas com o vento suão e a chuva a acompanhar, os ramos cantam e? Choram acompanhados pelas gotinhas de água caindo.
Os metrosíderos do Castelo do Queijo são mesmo inexplicáveis. Nasceram para as gentes que passam.
Entendê-los? Só o tempo o consegue!
Primeiro manda-lhe um verde perene e variado. Porque a folha pela frente é mais viva e tem mais cor, mas pelo avesso é esbranquiçada. E assim fica linda e espessa com o passar das estações.
Mas quando o Verão se aproxima vamos lá para espreitar o que está a preparara-se.
Um dia nada se vê; depois o botão verde começa a chegar, e com o tempo vai-se abrindo até nos trazer uns fios rubros que afinal são a flor. De longe vêem-se aqueles chapeletes bem vermelhos deslumbrando quem olha e quem vê!
O Verão chegou! E os metrosíderos acharam pouco mostrar o seu porte enorme e lindo, e quiseram dar-nos aquele espectáculo que une a Terra ao Céu. A maravilha daquelas manchas extraordinárias aconchega-se em nós até ao próximo Verão. Quase não é preciso esperar porque aquele espectáculo da Natureza se enraíza na nossa alma e a imagem ao vivo volta intermitentemente pela mão da nossa imaginação.
Maria de Sousa
Passeio Alegre, Junho de 2006
(texto enviado por Ana Aguiar)
2 comentários :
Que boniteza de árvore e de texto.
Parabéns para a Vó Mixu.
Abraço
Rendo-me completamente ao texto, maravilhoso, e aos arbustos sobre os quais nada sabia. Irei ao S. João e por nada deixarei de passar pelo Castelo do Queijo, desta vez com os olhos bem abertos...
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