Filírea
Phillyrea latifolia
Depois de 17 anos à espera, os sábios preparam-nos agora para recebermos de braços abertos, daqui a 10 anos e só então devidamente aprovado, o acordo ortográfico luso-brasileiro. Tarefa árdua, de que nos cabe ir usando as palavras de que a língua portuguesa se orgulha, não vá dar-se o caso de as esquecermos e já não constarem das partilhas. Como, por exemplo, aderno e lentisco. Designam as duas únicas espécies do género Phillyrea, a P. latifolia e a P. angustifolia, ambas espontâneas em Portugal, Norte-de-África e Turquia.
São arbustos da família Oleaceae, como as oliveiras, os ligustros, os lilases, os freixos, os sinos-de-ouro ou os jasmins. De crescimento lento e flores minúsculas esverdeadas (embora abundantes e vistosas em conjunto), dir-se-iam plantas pouco ornamentais. Contudo têm folha perene com bordo transparente e um biquinho no ápice, os frutos são bolinhas coloridas e, quando idosas, exibem troncos encurvados muito elegantes - de madeira clara e maleável, que é usada, como a de buxo, em esculturas. E, claro, sendo sobreviventes das nossas florestas, suportam corajosamente os ventos, a poluição atmosférica e as secas.
Antes da importação maciça no século XIX de perenifólias do Japão e China, eram os adernos-de-folha-estreita e os adernos-de-folha-larga que se apreciavam em jardins soalheiros. Mas não conhecemos no norte exemplares de grande porte deste género. O da foto está num bosquete de arborização recente do Parque Biológico de Gaia, vizinho de espécimes jovens de P. angustifolia.
Segundo o dicionário Houaiss, o termo phillyrea deriva do grego philúra, tília.
Sem comentários :
Enviar um comentário