26/05/2007

Quimera


+Laburnocytisus adamii - Kew Gardens

Em 1825, sete anos depois de Mary Shelley ter escrito Frankenstein, Louis Adam, viveirista parisiense, criou este estranho arbusto que é uma amálgama de duas plantas distintas, ambas leguminosas: a giesta-violeta (Cytisus purpureus) e o laburno (Laburnum anagyroides). Como na altura a fama circulava devagar, não foi ao monstro então recém-criado que se associou esta planta, mas sim à quimera, criatura com três cabeças flamejantes, corpo meio-cabra-meio-leão e cauda de dragão que assombrou a antiga Grécia e parece ter sido avistada pela última vez por Homero, o poeta cego.

Ao enxertar a giesta no laburno, Louis Adam notou que uma ramada perto do ponto de enxertia exibia características intermédias às duas plantas. Usando reprodução por estaca, obteve então um arbusto que na forma se assemelhava ao laburno (ver 4.ª foto aqui), mas com folhas mais pequenas; as suas flores, em cachos pendentes, tanto eram amarelas (iguais às do laburno), como violetas (iguais às da giesta), como ainda violetas tingidas de amarelo.

Esta planta não é um híbrido, pois nela os tecidos dos dois progenitores mantêm-se separados. As células que formam a camada exterior pertencem à giesta, revestindo por completo o miolo formado por células de laburno.

[Informações retiradas da placa explicativa colocada ao lado da planta, nos Kew Gardens.]

2 comentários :

a d´almeida nunes disse...

Bom dia
Ora aqui está bem resolvida a questão da placa identificativa das plantas e das árvores, pelo menos em jardins públicos.
Mas que não se faça o mesmo que em Leiria. Há placas colocadas no chão na Praça Rodrigues Lobo, em que as letras pintadas em azulejo, em 199? ao lado de 3 árvores já desapareceram completamente. Estão em branco. Parece que ninguém se incomoda com essa situação.

GP disse...

A natureza é espectacular e o que vocês sabem disto é invejável.
Venho cá muitas vezes, gosto muito e aprendo imenso.
Parabéns.