Nariz-de-zorra
Silene gallica
São muitos os nomes que a Flora Digital de Portugal atribui a esta herbácea: cabacinha, erva-cabaceira, erva-de-leite, erva-mel, erva-ovelha, gorga e nariz-de-zorra. O último da lista, e nosso preferido, refere-se aos pêlos que cobrem os cálices das flores. Mas a planta é toda ela penugenta e pegajosa, funcionando como armadilha para insectos pequenos: o seu nome em inglês é justamente small-flowered catchfly.
A Silene gallica é uma planta anual de matos e campos de cultivo que germina nos meses frios e está espalhada por toda a Europa. Costumava ser abundante no Reino Unido, mas a eliminação das sebes que dividiam os campos agrícolas e a utilização crescente de herbicidas e fertilizantes, entre outras causas, levaram a uma diminuição drástica das populações. Tanto assim que a sua recuperação foi incluída pelo governo britânico no Plano Nacional de Acção para a Biodiversidade.
E qual é a situação desta planta em Portugal? Por enquanto, pouco tem de rara; faz mesmo parte daquele rol de «ervas daninhas» (ou «infestantes») que agricultores, viticultores, fruticultores, proprietários de campos de golfe ou simples «jardineiros» têm o hábito de encharcar com herbicida: há toda uma gama de venenos à escolha para o efeito, entre eles o Isopec e o Glydus 500SC. Mas, com esta guerra química desenfreada, é de esperar que a prazo desapareçam não só os narizes-de-zorra como também todas as flores silvestres que aqui temos mostrado. Nessa altura Portugal será ainda mais feio e mais triste, mas nenhum ministro do ambiente dará pela diferença.
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