Doces filhas de paul
Angelica sylvestris L.
A erva-dos-anjos (Angelica archangelica L., do norte da Europa) possui tantas virtudes culinárias e medicinais que se diz ser obra de anjo. Nela se juntam uma fragância doce e intensa - e não apenas nas flores - e a fama de ser afrodisíaco milagroso, remédio garantido contra a peste, antídoto de venenos, abono de longevidade e escudo contra bruxedos e maus-olhados. E, tendo-nos assim assegurado o bem-estar, ainda se deixa consumir em licores aromatizados com as bagas (Chartreuse e Bénédictine), saladas, sopas, sorvetes, como fruta cristalizada (verde e translúcida - já provou?) e compotas, de que é exemplo uma famosa receita inventada há uns séculos num convento de Niort que, tome nota magro leitor, fica quase no centro do triângulo com vértices em Paris, Nantes e Bordeaux.
Não nos entusiasmemos em demasia porque, das 110 espécies do género Angelica registadas no hemisfério norte, a única espontânea entre nós é a A. sylvestris que, infelizmente, não nasceu tão prendada. Mas tem a mesma arquitectura carnuda que impressiona: enormes (~15cm de diâmetro) umbelas de flores rosa pálido que nascem em folhos de brácteas sulcadas de leivas de onde despontam, por graça, ramos de folhas minúsculas e ponta trilobada. Porém, é a Angelica gigas Nakai, do Japão, Coreia e Sibéria, com flores ainda maiores e da cor do chocolate, a preferida dos jardineiros. Caprichos que nos empobrecem o paladar.
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