Pirâmides e trombetas
Ajuga pyramidalis L.
É algo misterioso que os britânicos tenham decidido chamar bugle (= trombeta) às plantas do género Ajuga. O mais provável é que se trate de uma dessas evoluções fonéticas em que as palavras, misturando-se umas com as outras, ganham conotações imprevistas. Em português também não escapámos à contaminação, pois búgula é um dos nomes comuns registados para a Ajuga reptans (os outros, segundo a Flora Digital de Portugal, são ajuga, consolda-média, língua-de-boi, erva-de-São-Lourenço e erva-carocha).
À Ajuga pyramidalis, pretexto para o postal de hoje, não concedeu o nosso povo a graça de um nome de baptismo. Recorremos então ao inglês bugle e fazemos soar festivas trombetas por a termos encontrado no planalto de Castro Laboreiro. Trata-se de uma planta que, segundo os manuais, se distribui por toda a metade norte do país, em prados e bosques de altitude, mas de facto é muito menos comum do que a A. reptans.
Pese embora a óbvia semelhança, as duas espécies são fáceis de distinguir, pois a A. pyramidalis, muito mais hirsuta do que a sua congénere, tem folhas peludas, enquanto que a A. reptans tem folhas glabras. Além do mais, as flores da A. pyramidalis, ao contrário do que sucede com as da A. reptans, ficam quase escondidas pelas brácteas proeminentes. E, se o aspecto geral das flores é o mesmo nas duas espécies, na A. pyramidalis as estrias brancas formam um contaste muito mais vincado com o fundo azul.
Acrescentam os manuais que a A. pyramidalis floresce de Março a Julho — o que, tendo-a nós visto nos finais de Abril, está de acordo com a nossa experiência.
1 comentário :
Paulo! Muito bacana seu post! Ja estou te seguindo;)
Karen Andressa
http://praticosustentabilidade.blogspot.com
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