22/10/2012

Erva longa, fonte fresca



A erva-longa é uma herbácea perene que vemos com frequência em muros húmidos à sombra, com um hábito rastejante comum a outra planta, a Wahlenbergia hederacea, abundante no mesmo habitat e com quem quase se confunde. Forma tapetes densos de folhas arredondadas (que lhe valem a designação moneywort) com cerca de 2 cm de diâmetro, peludinhas, de margens lobadas e pecíolo comprido, útil a quem vive rodeado por tanta humidade. As flores são... Flores? Nós nunca vimos flores desta planta, reparámos com espanto há dias. E logo se iniciou uma romaria a vários taludes para levantar delicadamente os talos da planta na esperança de se encontrar uma flor. A floração decorre entre Julho e Outubro, havia só que perseverar. Como a planta se dissemina enraizando-se pelos nós dos caules, parece investir pouco na floração, que é de facto escassa, e nas flores, que não ultrapassam os 3 milímetros de diâmetro. Ainda assim, são um regalo vistas à lupa: axilares e solitárias, com um cálice campanulado e uma corola em tons de branco e rosa pálido.

Sibthorpia europaea L.
Do género Sibthorpia conhecem-se cinco espécies, todas de ecologia semelhante: sítios frescos e umbrosos, perto de fontes ou regatos, em zonas de clima ameno da Europa, África e Ásia. Na Península Ibérica há registo de três, a S. europaea, a S. africana L. e a S. peregrina L. A S. africana, com flores amarelas ou brancas, não é espontânea em África (ao contrário do que o epíteto parece indicar), mas um endemismo das ilhas Baleares. A S. peregrina, de maior porte, flores amarelas com o dobro do tamanho das anteriores e folhas com margens crenadas, é endémica das ilhas da Madeira e Porto Santo, e naturalizada nas zonas mais costeiras de Portugal continental (e o nome peregrina alude precisamente a esta emigração). A S. europaea é nativa da Europa ocidental, das montanhas da África tropical, dos Açores e de algumas, poucas, regiões do Mediterrâneo; na Península prefere a metade ocidental, sob influência atlântica.

O nome do género é uma homenagem ao professor de Botânica, em Oxford, Humphrey Sibthorp (1713-1797), pai do botânico John Sibthorp (1758-1796) que é celebrado, pelas suas viagens de pesquisa botânica à Grécia, Chipre e Ásia Menor, no epíteto sibthorpii.

2 comentários :

Carlos M. Silva disse...

Olá
Pelo habitat que indicam já devia tê-la visto, mas não. Certamente é como dizem, pequena demais para o não uso que faço de todos os sentidos à excepção do da visão. E não creio que o acaso a tenha colocado em alguma foto aquando das variadas vezes em que me debrucei e fotografei a campanulaceae que a acompanha.Paciência. Outras ocasiões virão e para isso estão cá vocês para ensinarem ..que também com as mãos se aprende!
Abraço
Carlos M. Silva

Maria Carvalho disse...

Olá. Certamente já a viste. Embora pequena, espalha-se à vontade e não passa despercebida. Em Aguiar de Sousa (no lugar do Salto) há um talude fabuloso onde, ao longo do ano, se revezam várias plantas que gostam muito de nós. Esta é uma delas. Antes estiveram em flor a Hyacinthoides paivae, a Ceratocapnos claviculata, a Pinguicula lusitanica,... Temos de «dar lá um salto» em breve para ver o que está agora na montra.