10/02/2015

Agrião do rio Minho


Rorippa palustris (L.) Besser


Chamamos agrião a esta planta por ela ser aparentada com o verdadeiro agrião (Rorippa nasturtium-aquaticum). Na aparência as duas plantas pouco têm em comum, divergindo tanto na cor das flores como na morfologia das folhas; mas quem sai aos seus não degenera, e sob um disfarce tão enganador a Rorippa palustris pode, ao que consta, ser usada nos mesmos preparos culinários que deram fama à sua congénere. À pergunta que o leitor gourmet, ávido por novos sabores, não deixará de colocar, que é onde posso eu colhê-la?, respondemos com um desencorajador em Portugal não é fácil. A menos (continuando com a resposta, após pausa teatral) que o leitor viva no Minho e perto do rio com o mesmo nome, e consulte o horário das marés para não ser apanhado pela repentina subida das águas quando for, cesta na mão, abastecer-se de verduras para a salada. Há-de então notar que muitos dos rebentos mais desejáveis escolheram instalar-se em lugar que volta e meio fica submerso, apresentando-se revestidos com uma pouco apetitosa crosta de lama. E, se o rigor taxonómico não for a sua prioridade, talvez lhe aconteça colher amostras de um terceiro agrião, Rorippa sylvestris, que tem flores mais vistosas mas pouca diferença fará no sabor.

Planta anual ou mais raramente bienal, costumando ficar-se pelos 20 a 30 cm de altura mas capaz de duplicar esse valor, florindo ao longo da Primavera e do Verão, o agrião-das-marés (nome inventado agora mesmo para a Rorippa palustris) é nativo de uma vasta porção do hemisfério norte, incluindo Europa, Ásia e América, e está naturalizado na Austrália e na América do Sul. Em território português a sua presença é residual: no rio Minho sobrevive em abundância graças à ausência de barragens no troço internacional do rio, mas nos rios Tejo, Douro e Tâmega, onde também terá existido, não é certo que ainda se mantenha.

5 comentários :

bea disse...

Desisto de apanhar este agrião disfarçado. Ainda perco o pé e a cesta. Mas, quem sabe, se os fora colher, os traria lavadinhos da lama. Não tem sentido carregar a sebentice tão perto de poder lavá-la:))

ZG disse...

Mais uma planta rara (ou raríssima) que não conhecíamos!

Carlos M. Silva disse...

Bolas!!! Quem olharia para planta tão molhada e suja? Só mesmo vocês!!!
As novas que vocês nos trazem!

Abraço
Carlos M. Silva

ZG disse...

Sim, não é qualquer pessoa que consegue encontrar maravilhas como esta!...

Carlos Venade disse...

É relativamente abundante nas margens do Rio Minho, junto a Monção.