Das 9 às 5
Fagonia cretica L.
Esta é uma planta muito rara em Portugal, havendo apenas registo de uma escassa população na serra da Arrábida. Presumimos que já tenha sido mais frequente ao notar como é comum noutras paragens e pouco exigente com o habitat: servem-lhe fendas de rochas, cascalheiras ou arribas perto do mar, bermas de estrada ou campos em pousio desde que em locais soalheiros, secos e arejados, onde ela estende tapetes de folhas trifoliadas e talos espinhosos, salpicados por belas flores violeta com cerca de 2 cm de diâmetro. O único senão é que o horário de abertura das flores é reduzido.
Na Península Ibérica ocorre apenas esta espécie do género Fagonia, a única nativa da Europa mediterrânica, entre mais de três dezenas distribuídas por regiões desérticas na América, África e Ásia. A F. cretica (a que, antes de Lineu, em 1620, o botânico suíço Caspar Bauhin chamou Trifolium spinosum Creticum) é fácil de avistar no sul de Espanha, nas ilhas Canárias (onde a vimos) e nas Baleares, havendo registo pontual dela no norte de África.
Da mesma família, Zygophyllaceae, e do género Tribulus, conhecemos dos areais à beira mar e de sítios secos no interior a espécie T. terrestris, igualmente anual, espinhosa e prostrada mas muito mais abundante por cá. No portal Flora-on pode comparar os frutos angulosos das duas espécies — os quais, por razões que se adivinham, nascem bastante perto dos espinhos.
Sendo tão pouco avistada, não é surpresa que a Fagonia cretica não tenha nome vernáculo em português. Em espanhol é o manto de la Virgen, metáfora que em catalão se engrandece, passando a ser mantellet de la Mare de Déu. O nome do género homenageia Guy-Crescent Fagon (1638-1718), médico (que a história recorda como inábil) de Louis XIV e director do Jardin royal des plantes, onde se destacou como notável promotor do intercâmbio científico e de inúmeras expedições naturalistas à América Latina.
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