Amarelo revisitado
Acreditando que a natureza não é uma entidade caprichosa, nem age com um propósito, notamos, porém, que por vezes parece que faz rascunhos como nós, que edita linhas e corrige gralhas. Os taxonomistas afadigam-se então para entenderem as diferenças entre as várias plantas, nem sempre com sucesso, como quem examina com raios x os rabiscos preliminares de um pintor escondidos sob uma obra de arte famosa. Senão vejamos.
Nos sapais da ria Formosa e nas dunas adjacentes viceja entre marés uma planta notável, que aprecia o habitat misto de água doce e salgada, e parasita várias espécies da família Chenopodiaceae. Trata-se da Cistanche phelypaea, que floresce no fim da Primavera e se alimenta através das garras com que se crava nas raízes lenhosas das plantas vizinhas. Quando em flor, não há dúvidas de que espécie se trata. Não? E então a Cistanche lutea?
A controvérsia em torno da variabilidade da C. phelypaea e o seu vínculo com a C. lutea é assunto de vários artigos científicos, que ora discutem a pertinência da descrição de duas espécies face às diferenças morfológicas e de ecologia, ora se esmeram a justificar o simples desdobramento em subespécies porque a diferenciação genética não é conclusiva. Uma é rascunho da outra, digamos. Para quem as distingue, a C. phelypaea é endémica da costa atlântica da Península Ibérica, enquanto a C. lutea ocorre no sudeste da Península Ibérica e no noroeste de África. As fotos são de Lanzarote, e há também registo da C. lutea em Fuerteventura e nas Selvagens. Por falar no norte de África, em podendo, não deixe de ver este outro rascunho do género Cistanche, igualmente inspirado.
1 comentário :
Estas plantas existem na Baía Natural do Seixal, em grande parte da orla da Baía, mas em especial na zona da Amora, em frente à rede da Quinta da Atalaia (sim a do PCP) e entre dois estaleiros navais, um é o dos Venâncios, conhecido por VENAMAR, é sós seguir a estrada paralela ao estádio do Amora F.C.
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