Minhonete arbórea
A família Resedaceae, com cerca de uma centena de géneros, conta na Península Ibérica com representantes de apenas dois, Reseda e Sesamoides, de morfologia muito semelhante. A diferenciação delas é tópico talvez desinteressante, e insistir no tema é decerto sintoma de confinamento excessivo. Enfim, com todo este vagar a que nos obrigam, quem sabe se não nos divertiremos com o assunto.
As espécies destes géneros (anuais, bienais ou perenes) dão flores pequeninas (cerca de 5mm de diâmetro), por vezes perfumadas, coladas ao talo mas agrupadas em espigas muito vistosas. As (4 a 6) pétalas brancas (ou amarelas ou esverdeadas), em geral franjadas, contrastam com o centro de estames alaranjados, de anteras encarnadas. No género Sesamoides, porém, os numerosos estames (a componente masculina da flor) costumam formar um anel que rodeia os carpelos (a parte feminina), como se pode ver aqui. E, portanto, se a planta estiver em flor, temos modo de reconhecer o género. A boa notícia é esta: a forma do fruto é outro pormenor que permite distinguir sem dúvidas os dois géneros. O fruto das espécies de Reseda é uma cápsula lisa, oca, com uma abertura no topo e recheada de sementes, lembrando uma campânula; o do género Sesamoides parece uma luva, cujos dedos gordinhos contêm as sementes.
As espécies ibéricas são herbáceas, ainda que algumas superem 1 metro de altura. Pelo contrário, a Reseda scoparia, endemismo de algumas das ilhas do arquipélago das Canárias, é um arbusto. Com ar de vassoura, segue à letra o figurino que descrevemos acima para as flores e os frutos.
Reseda scoparia Brouss. ex Willd.
Os exemplares das fotos são do Barranco del Infierno, em Tenerife. Ali a entrada é paga, a temperatura muito elevada e a visita controlada por guardas de apito e binóculos (e, um ou outro, de guarda-sol). Em Maio, a cascata e o lago no interior do barranco tinham alguma água fresca, mas só era permitido permanecer no local uns escassos minutos. Com a demora inerente à obrigatória sessão fotográfica, tivemos desculpa para ficar por lá algum tempo mais.
Barranco del Infierno, Tenerife
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