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19/03/2006

Feira de S. José - hoje em Leça

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Feira de S. José, vendedoras de vassouras de giestas (Março, 2004)
Realiza-se hoje em Leça do Balio, no Parque de Santana esta tradicional "feira dos agricultores", como há quem assim lhe chame.
(Se não fosse a Ferrel iria lá ;-)

01/06/2005

Não foi uma fábrica de produtos químicos...


Quinta do Alão, Leça do Balio: Metasequoia glyptostroboides (à esquerda); aspecto do canteiro central (em cima); Taxus baccata (em baixo)

... que, integrados num grupo de quase 40 pessoas, visitámos no passado sábado, 28 de Maio, em Leça do Balio. Mas a química não foi alheia às experiências que vivemos nesse dia. Para começar, reunimo-nos junto ao Mosteiro de Leça de Balio, bem perto do rio Leça, formado por um líquido de natureza variável - a merecer a atenção dos químicos - que não se deixa confundir com água. Dirigimo-nos em seguida à paradisíaca Quinta do Alão, onde, como se ensina na escola, as plantas realizam o processo químico mais importante à face da Terra: aquele que possibilita a existência do ar que respiramos.

No sentido corrente da designação, é indubitável que a Quinta não é uma fábrica de produtos químicos, mas já houve quem tivesse sonhado em convertê-la a essa função. Embora a ideia nos provoque arrepios, é verdade que alguém sonhou com ela, o que só comprova que o paraíso de uns é o inferno de outros. Foi para impedir que no futuro outros visionários da mesma índole destruam a Quinta que o seu actual proprietário a fez classificar, em 2002, como imóvel de interesse público. Com isso, a propriedade ficou também mais defendida do vandalismo rodoviário que rasga cegamente o país com uma malha apertada de auto-estradas e vias rápidas.

Além da beleza ímpar dos jardins, que já antes celebrámos, foi gratificante conhecer um proprietário que, respeitando escrupulosamente a história da Quinta e defendendo-a lucidamente dos ataques do nosso desastrado progresso, tanto tem feito para a valorizar.

Jardins como o da Quinta do Alão são organismos vivos e complexos, numa constante mutação de cores e cheiros; mas, numa soalheira tarde de sábado, pudemos captar algo de uma permanência que dura há séculos. Oxalá outros possam fazer o mesmo nos séculos vindouros: como estarão então este teixo, já hoje carregado de anos, e esta ainda jovem Metasequoia?

14/05/2005

Visita à Quinta do Alão

A Campo Aberto organiza no dia 28 de Maio, a partir das 14h30, uma visita à Quinta do Alão, em Leça do Balio, guiada pelo seu proprietário. A Casa de Recarei, na Quinta do Alão, está referenciada desde o século XV. Os actuais jardins, notavelmente bem mantidos, têm um cunho seiscentista - com os típicos bancos, alegretes, lago octogonal de desenho barroco, contrafortes e muros talhados em grandes blocos de granito - com alguns acrescentos recentes de bom gosto. São talvez os jardins antigos mais bem conservados de toda a região do Porto.

Destacam-se, pelo porte, várias japoneiras e rododendros, um salgueiro e alguns fetos arbóreos; e, pela sua raridade, um teixo multi-secular, de tronco tipicamente encordoado, que no Verão dá grande profusão de bagas vermelhas. A antiga horta e pomar foram transformados no século passado num bosquete com uma grande variedade botânica, exibindo exemplares bem desenvolvidos de Araucaria bidwillii, Araucaria angustifolia, Ginkgo biloba e Metasequoia glyptostroboides. Ladeia este jardim recente um caminho de buxo coberto por uma arcada de glicínias de flor roxa e perfume intenso.

Esta Quinta, que é pormenorizadamente referida nos livros Jardins com História (org. Cristina Castel-Branco - Edições Inapa, 2002) e Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal (Helder Carita / Homem Cardoso - 2.ª ed. Quetzal, 1998), está classificada como Imóvel de Interesse Público desde Fevereiro de 2002.

O número de participantes é limitado e é obrigatória a inscrição prévia pelo endereço paraujo(at)fc.up.pt

29/08/2004

Leça outra vez

Já antes, acompanhando Raul Brandão, passeámos nas margens do rio Leça. Ao passeio literário e virtual juntámos um destes dias o passeio real: fomos a Leça do Balio, terra do antiquíssimo mosteiro. E lá está ele, como novo, ao fundo de um declive relvado. O enquadramento verde, com umas magras árvores e os avisos para não pisar, ainda que nada acrescente à beleza do edifício, também não a agride. Ao lado e abaixo do mosteiro, acompanhando a margem do rio, foi construída uma discreta zona de lazer, com restaurante, cafetaria, esplanada, equipamento infantil, algum cimento, muita relva e poucas árvores. Nada que entusiasme: não há canteiros floridos; os percursos foram traçados a régua; as árvores que foram poupadas na margem do rio, incluindo alguns carvalhos de bom porte, não foram limpas da hera que as ameaça sufocar. Mas a esplanada é sossegada, sem que a perturbe o ruído do trânsito, e está à distância ideal do rio Leça: adivinhamos-lhe a presença mas não lhe sentimos o cheiro. E talvez não devamos ser muito exigentes em matéria de espaços verdes: já é muito bom que existam e sejam preponderantemente verdes.

No entanto, a manutenção daqueles relvados não sai barata em "jardineiros" (i.e., operadores de corta-relva) e água. Pelo mesmo preço não seria possível compor e manter algo que revelasse arte e gosto?

Pois não foi o mosteiro o único monumento que visitámos em Leça do Balio. Com a desajuda de uma funcionária da Junta de Freguesia, incapaz até de interpretar o mapa local que tinha para distribuir, conseguimos, depois de várias voltas à pista (ou seja, às vias rápidas que rasgam a localidade e a tornam imprópria para peões), encontrar a Quinta do Alão. Tem esta quinta, propriedade particular, a fama de possuir os jardins seiscentistas mais bem conservados do país: a ela se referem, com elucidativas fotos, dois importantes livros recentes sobre jardins portugueses, o Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal (1998) de Helder Carita e Homem Cardoso, e Jardins com História (2002), editado por Cristina Castel-Branco. Tem a fama e tem o proveito, como pudemos testemunhar por nos ter sido facultada entrada pelo Sr. Abreu, jardineiro que há várias décadas cuida amorosamente dos jardins (coadjuvado em anos recentes por outro jardineiro). Que saber e paixão as daquele homem! Que contraste entre o colorido, a surpresa e a variedade das árvores, arbustos e flores daqueles canteiros e a jardinagem bisonha e ignorante que, cada vez mais, somos obrigados a tolerar nos nossos locais públicos!

Por imprevidência, do que lá vimos não guardámos registo fotográfico. Entre as muitas árvores que o Sr. Abreu plantou na antiga horta e pomar, hoje ajardinados, destacamos, pela sua raridade, uma Metasequoia, parente próxima das sequóias mas de folhagem caduca que foi descoberta na China em 1944: este bonito exemplar, de altura já respeitável, tem cerca de 40 anos.