A máquina zero
Foto: pva 0412 - Massarelos - Porto
Ao fundo corre um rio Douro de cor pálida e desenha-se a traço leve o arco do viaduto do Cais das Pedras, obra de 1998 que, ligando a margem direita do rio a ela própria, oferece aos automobilistas encravados no trânsito uma vista panorâmica do arruinado casario de Massarelos. Tirada dos jardins do Palácio de Cristal, a foto mostra a nova ruína que agora mancha a mesma paisagem: estes tristes espantalhos - que, no tempo em que eram árvores, respondiam pelo nome de choupos - são obra recente da nossa Câmara, ou de alguém por ela autorizada. Como é possível fazer-se isto? Regressámos no Porto às podas municipais de má memória? Mais valia que tivessem arrancado todas as árvores, em vez de as deixarem reduzidas a destroços sem dignidade e sem préstimo.
6 comentários :
Faz muito bem em denunciar acções como esta que, infelizmente, acontece um pouco por toda a parte e a mando de técnicos (?) camarários. Abraço, OLima (ondas.blogs.sapo.pt)
É ofensivo. Absolutamente. Começa agora a época em que somos desagradavelmente surpreendidos por novas mutilações deste calibre (em locais públicos e privados), e em que devido à queda das folhas ficam a descoberto as árvores que foram anteriormente submetidas a estas podas aberrantes.
Mas não há ninguém que ponha cobro nisto? Onde estão os profissionais da área? É preciso mais visibilidade nas campanhas e na formação que fazem sobre esta temática. Sim porque nós somos amadores, informados, apaixonados, mas amadores!
É, de facto, desagradável de se ver tão brutal malfeitoria nas árvores. Peçam-se responsabilidades a quem tomou a decisão de promover a devastadora poda. Criem-se Associações de Defesa das ditas ou do Reino Vegetal, em geral, para procurar reduzir, pelo menos, a depredação que gente insensata e insensível causa pelo país fora.
É pena que os blogs não sejam coisas materiais, se não este podia ser oferecido às pessoas amigas. Este blog é ar puro, como diz o JPP.
Deixem-me dar-vos um poema do Daniel Faria que me parece bastante a propósito do dias-com-árvores:
Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse.Termos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros
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Poesia
Daniel Faria
Ed Quasi, pág 43
AMR: Que poema lindíssimo! obrigada pelo comentário (mas a propósito: já reparou? há quem passe do blog para o livro, nós começamos vice-versa- pode sempre oferecê-lo ;-)
Tem razão. Não tinha reparado. Está muito sumido a um canto. Deviam fazer por forma a que quando se clicasse nele o pudéssemos ampliar.
Vou ver se o encontro nas livrarias. Obrigado pela sugestão.
Entretanto a vossa informação sobre as podas/tosquias/máquinas zero, vou endereçá-la à Câmara Municipal de Almada, que há muitos anos as pratica a torto e a direito.
Um abraço para vocês.
A.
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