19/12/2004

A máquina zero


Foto: pva 0412 - Massarelos - Porto

Ao fundo corre um rio Douro de cor pálida e desenha-se a traço leve o arco do viaduto do Cais das Pedras, obra de 1998 que, ligando a margem direita do rio a ela própria, oferece aos automobilistas encravados no trânsito uma vista panorâmica do arruinado casario de Massarelos. Tirada dos jardins do Palácio de Cristal, a foto mostra a nova ruína que agora mancha a mesma paisagem: estes tristes espantalhos - que, no tempo em que eram árvores, respondiam pelo nome de choupos - são obra recente da nossa Câmara, ou de alguém por ela autorizada. Como é possível fazer-se isto? Regressámos no Porto às podas municipais de má memória? Mais valia que tivessem arrancado todas as árvores, em vez de as deixarem reduzidas a destroços sem dignidade e sem préstimo.

6 comentários :

Anónimo disse...

Faz muito bem em denunciar acções como esta que, infelizmente, acontece um pouco por toda a parte e a mando de técnicos (?) camarários. Abraço, OLima (ondas.blogs.sapo.pt)

ManuelaDLRamos disse...

É ofensivo. Absolutamente. Começa agora a época em que somos desagradavelmente surpreendidos por novas mutilações deste calibre (em locais públicos e privados), e em que devido à queda das folhas ficam a descoberto as árvores que foram anteriormente submetidas a estas podas aberrantes.
Mas não há ninguém que ponha cobro nisto? Onde estão os profissionais da área? É preciso mais visibilidade nas campanhas e na formação que fazem sobre esta temática. Sim porque nós somos amadores, informados, apaixonados, mas amadores!

António Viriato disse...

É, de facto, desagradável de se ver tão brutal malfeitoria nas árvores. Peçam-se responsabilidades a quem tomou a decisão de promover a devastadora poda. Criem-se Associações de Defesa das ditas ou do Reino Vegetal, em geral, para procurar reduzir, pelo menos, a depredação que gente insensata e insensível causa pelo país fora.

António Joaquim disse...

É pena que os blogs não sejam coisas materiais, se não este podia ser oferecido às pessoas amigas. Este blog é ar puro, como diz o JPP.
Deixem-me dar-vos um poema do Daniel Faria que me parece bastante a propósito do dias-com-árvores:

Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse.Termos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros

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Poesia
Daniel Faria
Ed Quasi, pág 43

ManuelaDLRamos disse...

AMR: Que poema lindíssimo! obrigada pelo comentário (mas a propósito: já reparou? há quem passe do blog para o livro, nós começamos vice-versa- pode sempre oferecê-lo ;-)

António Joaquim disse...

Tem razão. Não tinha reparado. Está muito sumido a um canto. Deviam fazer por forma a que quando se clicasse nele o pudéssemos ampliar.
Vou ver se o encontro nas livrarias. Obrigado pela sugestão.
Entretanto a vossa informação sobre as podas/tosquias/máquinas zero, vou endereçá-la à Câmara Municipal de Almada, que há muitos anos as pratica a torto e a direito.
Um abraço para vocês.
A.