Refugiadas
Foto: pva 0509 - jardim da Alameda Fernão de Magalhães: palmeiras (Phoenix canariensis) e, ao fundo, uma alameda de bordos (Acer negundo)
Até migrarem em Setembro de 2003 para o local onde hoje as vemos, estas palmeiras tinham vivido desde 1888 numa das praças mais simbólicas da identidade portuense: designada na toponímia oficial por Praça de Gomes Teixeira, e antes por Praça dos Voluntários da Rainha e Praça da Universidade, todos a conhecem, há mais de um século, por Praça dos Leões. Ela é, sem exagero, a praça da minha vida, como o é de muitos outros que frequentaram, anos a fio, o velho edifício da Faculdade de Ciências. É... ou era, porque hoje não a reconheço: a minha praça fervilhava de gente, tinha flores, arbustos e desenhos na calçada; não era esta plataforma cinzenta friamente traçada a régua e esquadro.
Desde 2001, ano em que começou a destruição da praça com as escavações para o estacionamento subterrâneo, e até 2003, quando foram retiradas, as palmeiras não tiveram vida fácil. Envasadas em betão, sustentadas por muletas de ferro, a sua sobrevivência era incerta, e o transplante acabou por ser inevitável. Meses depois, quando tive coragem de as visitar na sua nova morada, os sinais eram promissores; e em 2005 estão sem dúvida de boa saúde.
Quem tiver saudades da velha praça que venha à Alameda de Fernão de Magalhães conversar sobre os tempos idos com as palmeiras exiladas. E, se vier por estes dias de Novembro, aproveite para admirar as cores outonais dos liquidâmbares que lhes fazem companhia.
2 comentários :
Sem palavras para classificar este blog que não para de me encantar e onde estou sempre a aprender.
Gostei muito de saber disto e confesso que estou agradavelmente surpreendido com o aspecto das duas amigas.
Quando as via na praça, sempre as julguei condenadas. -- JRF
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