A um Negrilho
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S. Martinho de Anta, 26 de Abril de 1954
Na terra onde nasci há um só poeta.
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.
Esse poeta és tu, mestre da inquietação
Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!
Miguel Torga in Diário VII (1956)
Foto: in Árvores Monumentais de Portugal, Ernesto Goes(1984)
Este negrilho (ou ulmeiro) entretanto começou a secar e morreu. À sua frente foi plantada uma nova árvore da mesma espécie (Ulmus minor). O Velho lá continua, ainda mais reduzido do que se pode ver numa das páginas (Lugares> Largo do Eirô) dedicadas a Miguel Torga, do excelente projecto viajar com... os caminhos da literatura, mas mesmo assim, monumental, impressionante.
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