Roca bela
Euonymus japonicus - Parque de Serralves - Porto
Quando a princesa Aurora nasceu, não sabia que viria a ser a Bela Adormecida*, enfeitiçada pela fada má que não foi convidada para a festa do baptizado: «Um dia picarás a tua mão numa roca e morrerás!» Maldição atenuada pela fada madrinha, que a transformou num longo sono de toda a família real, até ser salva pelo príncipe encantado. As rocas eram outrora feitas com a madeira clara e dura de Euonymus europaeus (da família Celastraceae). A designação portuguesa deste género, barrete-de-padre, tem certamente em conta o formato das flores; a inglesa (spindle-tree) e a francesa (fusain) referem explicitamente este uso da madeira, que ainda hoje se utiliza nas agulhas de crochê e nos lápis de carvão para desenho.
O género Euonymus contém mais de uma centena de espécies asiáticas de arbustos de textura lenhosa que podem atingir três metros de altura. Os frutos do exemplar das fotos começaram a abrir agora e são cápsulas cor bege, pintalgadas, com concavidades onde se aninham as sementes; estas são brancas mas cobertas por arilo carnudo vermelho-coral, apreciado por pássaros apesar de tóxico (tal como o resto da planta) por conter o alcalóide evonimina (por isso as sementes pulverizadas dão bom insecticida). O termo grego euonumos significa que é repeitado, aludindo a este carácter venenoso que afasta os predadores. Muito resistente ao frio e à poluição, é frequente nos nossos jardins urbanos, sobretudo como sebe.
* fábula de Charles Perraul, in Histoires ou Contes du temps passé. Avec des Moralitez (1697)
1 comentário :
Que beleza! Bem hajam!
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