11/09/2007

Parquinho da Cidade


Parque da Cidade de Guimarães

....."Peacehaven," said Mr Cornelius, "has park-like grounds extending to upwards of an eighth of an acre."
.....
"What happens if you get lost?" asked the Biscuit, interested. "I suppose they send St Bernard dogs in after you."

.................................................................................................P. G. Wodehouse, Big Money (1931)

O maior defeito do Parque da Cidade de Guimarães é o nome grandioso que lhe deram. Guimarães - cidade onde as árvores não são mutiladas e podem dar sombra, cidade com o riquíssimo carvalhal do monte da Penha logo à porta, com o precioso arvoredo em redor do Castelo e do Paço dos Duques, com um dos mais frondosos jardins urbanos do país ao longo da sua principal avenida - é uma cidade que não precisa de tais fingimentos pelintras. A área verde deste chamado «Parque da Cidade» dificilmente chegará aos 5 hectares, o que é menos de um vigésimo da área do seu homónimo portuense. O Parque da Lavandeira, em Gaia, esteve quase a ser instituído como Parque da Cidade - mas alguém terá ponderado, muito avisadamente, que um título desses era pompa a mais para os seus 11 hectares. É óbvio que, mesmo pequeno, um parque verde pode ser excelente, mas o tamanho é importante: uma autarquia que inaugure o seu parque da cidade proclama, com esse gesto, que já fez o máximo ao seu alcance pela «qualidade de vida» dos munícipes; contudo, se o parque for pequeno - como tendem a ser os novos parques da cidade por esse país fora -, então o gesto da autarquia, ao inaugurá-lo, é igualmente pequeno e de fraco alcance.

O parque de Guimarães situa-se no extremo nordeste da malha urbana da cidade, num desvio da estrada para a Penha. Começa por ter uma forma alongada, com um duplo alinhamento de choupos acompanhando o curso naturalizado de uma ribeira, mas abre-se depois num anfiteatro arrelvado, onde cinco grandes peixes de cerâmica tentam, sem temer a asfixia, pular fora de um lago circular. É um parque de desenho algo simplório, sem meandros nem surpresas, com poucas árvores e pouca diversidade. Mas os choupos cresceram depressa; e, numa tarde de muito calor, foi à sua sombra, nas margens da ribeira, que os visitantes se puderam acolher.

P.S. (13/IX/2007) A apreciação aqui feita do Parque da Cidade de Guimarães parece ter sido algo injusta e precipitada. Recomendo por isso a leitura dos comentários que alguns visitantes aqui deixaram. Fica a obrigação de lá voltarmos num dia de menos calor.

10 comentários :

Anónimo disse...

Tomara muitas cidades terem um espaço verde onde se possa disfrutar da natureza. Guimarães tem evoluido nos ultimos anos no que toca a espaços verdes. É um exemplo a seguir. E é desse bom exemplo que se pode falar.

Aproveito para reiterar que não sou vimeranense, apenas conheço bem a cidade.

a d´almeida nunes disse...

Mas aqueles peixes de cerâmica são para quê, que não percebi? Há já uma boa temporada que não vou a Guimarães, de modo que fiquei muito surpreendido com estas macacadas, que me parece ser o termo mais adequado para uma circusntância destas.
Isto o que parece interessar é entreter p "pagode"!
Um abraço
António

Paulo Araújo disse...

Caro Anónimo:

Guimarães tem óptimos lugares para desfrutarmos da natureza, e eu até indiquei alguns. À lista posso ainda acrescentar a cerca do antigo Mosteiro (hoje Pousada) de Santa Marinha. E ainda bem que existe lá esse espaço verde a que alguém resolveu chamar «Parque da Cidade». A minha objecção é que esse espaço não tem dimensão nem categoria para merecer tal nome - e por isso se insere, infelizmente, numa tendência de banalização da ideia de «Parque da Cidade» que algumas autarquias (sem obra que se veja no domínio ambiental, o que não é o caso da de Guimarães) têm aproveitado.

Anónimo disse...

caro p. araújo,

para enriquecimento da discussão, aqui junto as definições das "normas urbanísticas. vol. 1", da DGOTDU/UTL, pp. 127-129 (aconselho a consulta das versões completas):

"parque florestal para-urbano - [...] a sua área deve ser da ordem das centenas de hectares. [...]

parque urbano - [...] um elemento estruturante do tecido urbano e espaço livre necessário para a qualidade do ambiente urbano. Localiza-se preferencialmente em zonas centrais (parque central) e exige uma área da ordem das dezenas de hectares, podendo chegar a algumas centenas nas grandes cidades. [...]

jardim público - é um equipamento social de recreio e lazer de âmbito mais local do que o parque urbano. distingue-se do parque por ter uma área geralmente inferior a 10 hectares [...]"

não me parece muito difícil perceber as diferenças entre o parque florestal de monsanto (lx), o parque da cidade (porto) e o jardim cá do bairro...

um abraço

p. faúlha

Anónimo disse...

Muito bom dia,
antes de mais gostava de agradecer os comentários que deram continuamento à minha apreciação.
Em segundo lugar, gostava de dizer que o "Parquinho da Cidade" de Guimarães tem nada mais nada menos que 25 ha, pelo que o espaço ainda não foi totalmente alvo de intervenção. 25 ha penso eu que já não fazem dele um simples "parquinho".
Existem espaços relvados com algumas infra-estruturas de lazer e espaços com prado florido. A meu ver, já que tive oportunidade de observar o projecto, penso que se irá tornar um espaço verde de excelência dado a forte adesão por parte não só dos habitantes de Guimarães como de outros concelhos vizinhos.

Relativamente aos peixes de cerâmica gênero "macacada" foram oferecidos pela cidade de Kaiserslautern, a qual éstabeleceu protocolo de geminação com Guimarães. Daí vem o nome do Lago.

Meu caro as-nunes, visite Guimarães, tal como eu, e veja a cidade com olhos de ver. Acredite que vale a pena.

Cumprimentos

Susana

Dalaila disse...

Caro Paulo Araújo, parece-me interessante o seu blog, mas convidava-o para uma visita mais atenta ao que denomina "Parquinho da Cidade", que refere que não passa dos 5 ha...
Este parque conta com cerca de 25 ha de área, dispondo de árvores de grande porte, e de várias especies.

É um parque para utilização urbana.

Os peixes foram oferecidos pela cidade geminada kaiserslautern, da Alemanha, cada um com uma inscrição às referências do concelho, como o têxtil, as cutelarias...

Anónimo disse...

Ahhh, esqueci-me de congratular o Blog. Está aqui um excelente trabalho direccionado para uma área aprazivel a todos.

Continuação de bom trabalho.

Cumprimentos

Su

Paulo Araújo disse...

Admito que me tenha enganado ao medir a olho e não tenha visto tudo. A parte que visitei do parque começa junto à estrada para a Penha (Praceta Lions Internacional), acompanha a ribeira da Costa e termina junto ao lago dos peixes. Ainda assim, nesses 25 hectares não estarão a ser contabilizados o Complexo Desportivo do Vitória e o (generoso) espaço para estacionamento? E todos os 25 hectares estão já arranjados e abertos ao público? Independentemente disso, o parque pareceu-me de facto pobre no seu desenho e na quantidade e diversidade de árvores. Percebo a opção pelos choupos, e a sua plantação ao longo da ribeira foi muito apropriada. Mas faz falta diversificar mais.

Anónimo disse...

Olá a todos,
Esta discussão é muito interessante porque quem é de Guimarães não compreende o facto de este parque não ser chamado Parque da Cidade, todos os vimaranenses consideram aquele como o Parque da sua cidade.
Em relação de ser pobre no seu desenho e na quantidade e diversidade de árvores, por acaso não é bem assim.
Uma das entradas para o parque da cidade é feita por uma alameda, eixo estruturante que atravessa toda a zona, relaciona-se em paralelo com a zona do parque que se desenvolve no vale ao longo da linha de água. A vegetação presente neste alinhamento é feita com espécies de grande porte, notáveis pela sua floração, destacando este acesso ao parque e às suas multifuncionalidades.
Neste local, onde hoje é o Parque da Cidade, existiam campos agrícolas logo por isso também as vinhas, e neste caso a vinha de enforcado, apoiada nos choupos que hoje percorrem a ribeira da Costa. Para além disso, a plantação ali feita abrange diversas espécies desde Sorbus aucuparia, Pinus pinea, Quercus robur, Elaeagnus angustifolia, Arbutus unedo, Magnolia soulangiana, Cupressus sempervirens, Betula celtiberica, Liquidambar styraciflua, Fraxinus angustifolia, Alnus glutinosa e muitas mais, para não falar na diversidade de herbáceas e sub-arbustivas, Berberis thunbergii, Buxus sempervirens, Cotoneaster horizontalis, Crisanthemum frutescens, Dimorphotheca annua, Hebe andersonii, Hydrangea macrophyla, Jasminum humille, Juniperus sabina tamariscifolia, Kniphofia uvaria, Lavandula angustifolia, Lantana camara, Lantana montevidensis, Lonicera peryciclemum, Mentha suaveolens, Pyracantha coccinea, Phormium tenax 'atropurpurea', Phormium tenax 'variegatha, Spiraea japónica, Teucrium fruticans, Viburnum tinus.
No Parque da Cidade podemos também encontrar circuitos de manutenção com equipamentos de apoio a essa prática rodeado por grandes clareiras relvadas para a constante prática do desporto, ou seja, a parte do parque que não descobriu.
O lado nascente do parque está neste momento a ser alvo de uma revitalização, fruto de novas expansões urbanísticas e do crescimento que o parque está a ter, resultando numa área total de cerca de 30 ha, sem o Complexo Desportivo do Vitória.
Todos esses espaços estão arranjados e abertos ao público, estando em constante manutenção e sempre a melhorar o espaço que todos os vimaranenses usam intensamente.
Quanto ao desenho, este parque foi executado tendo por base um projecto de arquitectura paisagista elaborado pela Arquitecta Paisagista Laura Roldão Costa, foi a concurso na 2ª edição do Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista e está exposto na Exposição ‘O Arquitecto Paisagista: Conceito e Obra, Exposição Itinerante 2007-2008’ organizado pela Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas. Penso que se fosse pobre no seu desenho que não estava integrado nesta exposição.

Dalaila disse...

Agradeço ao Paulo Araújo o se p.s. no final, só demonstra abertura à discussão sobre os assuntos, e que voltará cá, o que também é bom. Guimarães gosta sempre das pessoas que voltam.

A aprecie, inspire e sobretudo comente, não pare.