27/05/2008

Rabinhos-de-lebre


Lagurus ovatus

As dunas com vegetação do sul da Europa, como algumas, poucas, nossas, lembram agora pradarias onde saltitam seres de cauda curta, uns mais alvos, outros mais gordinhos - como esta gramínea anual que até ao fim do Verão se manterá em flor. As inflorescências são panículas ovais, densas, peludinhas e sedosas que justificam as designações científica e vernácula desta espécie (do grego lagos, lebre, e oura, cauda).

Para que não se diga que aqui se desperdiça comida, uma breve nota sobre outra parte comestível do mesmo mamífero: falamos da orelha-de-lebre (Bupleurum sp.), umbelífera com folhas solitárias que abraçam o caule. A espécie Bupleurum koechelii homenageia o botânico e mineralogista austríaco Ludwig von Köchel (1800-1877), que identificou muitas plantas em numerosas viagens e elaborou o catálogo Köchel das obras de Mozart. A enumeração usada (como em Concerto para violino No.1 K.207) seguiu uma análise rigorosa do estilo para assegurar uma listagem cronológica exacta que serviu de base, em particular, à publicação, parcialmente financiada pelo próprio Köchel, da obra integral de Mozart.

Quanto ao pedaço mais nutritivo da lebre, confessamos que não conseguimos evitar que, num pulo certeiro, se entocasse numa caniçada, e que - apesar de não ter, naturalmente, conseguido apagar o rasto com a cauda - se pusesse a salvo dos temperos do ensopado.

4 comentários :

eduardo b. disse...

Eu por acaso sou alérgico a estas coisas — às gramíneas, não às lebres. O que vale é que, em blog[ue], não me afectam.

Ezequiel Coelho disse...

são mesmo agradáveis ao toque!!!
E uma beleza ao sabor do vento!
:)))

Maria Carvalho disse...

Eduardo: Não faz mal que espirre no meio das nossas gramíneas. Espanta as lebres, é verdade, mas as caudinhas são engraçadas justamente quando fogem.

Ezequiel: Pois são, e mais suaves que o ar! Não se farão pincéis-de-cócegas com elas?

bettips disse...

Além do saboroso e ágil bichinho que foi vencido pela tartaruga - se calhar por uma cauda...- ainda fiquei a saber desse mecenas de Mozart. Aí, vi a flauta mágica tocando ao som dos rabinhos-de-lebre ao vendo, e tudo me fez sentido!