Burnham Beeches
Fagus sylvatica
Burnham Beeches é uma reserva natural de 220 hectares situada 30 quilómetros a oeste de Londres, no condado de Buckinghamshire. Chega-se lá tomando na estação de Paddington um comboio para o subúrbio residencial de Slough, e daí apanhando o autocarro n.º 74; meia hora depois, a meio de uma longa recta, apeamos-nos em frente de uma public house com o acolhedor nome de Forester's Arms. A estrada é estreita, rodeada pelas usuais casas de dois pisos com jardim e paliçada de madeira, figurino que se repete no curto labirinto de ruas até à entrada da reserva.
Beech é o nome inglês para a Fagus sylvatica, que nós conhecemos como faia; e é justamente um bosque de faias que ocupa a maior parte da reserva. Mas há outros habitats que dão a Burnham Beeches uma diversidade surpreendente: há uma zona húmida, quase um sapal, que culmina num lago com nenúfares e juncos; há ainda uma área seca, de vegetação esparsa, dominada pelo tojo e pelo zimbro, que é importante refúgio de répteis; e há, finalmente, zonas de pastagem para vacas e cavalos, a quem cabe impedir que, em certas partes sensíveis, a vegetação se adense muito.
Burnham Beeches não é criação espontânea da natureza, mas sim um mosaico de paisagens moldadas pela acção humana. Nos terrenos desde há muito usados como pastagens desenvolveu-se um ecossistema peculiar, que só a continuidade desse uso permite manter. E as faias que dão fama à reserva não cresceram livremente: durante séculos serviram para produzir madeira; todos os seus ramos acima de uma certa altura eram periodicamente cortados. As árvores assim tratadas são conhecidas como pollards. A prática parece ter caído em desuso, mas não deve ser confundida com as nossas podas radicais: tratava-se de uma prática de silvicultura e não de (má) gestão de árvores ornamentais, como por cá sucede. E as árvores assim conduzidas eram sujeitas a esse tratamento desde jovens: como muito bem sabiam os seus cultores, a operação era potencialmente mortífera se aplicada a árvores adultas com desenvolvimento normal.
Se tiver aguentado as primeiras tareias, uma árvore tratada como pollard acaba por ter uma vida mais longa do que as suas irmãs não deformadas. Em Burnham Beeches há faias com 400 ou 500 anos, embora a esperança de vida dessa árvore não costume ir além dos 200. Tais veteranas devem ser contempladas com o respeito devido à idade, mas prefiro-lhes as árvores mais jovens que, na mata, dançando sobre o tapete vermelho das folhas do último Outono, compõem um autêntico bailado de troncos esbeltos e lisos contra o verde brilhante da folhagem.
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