Pelargónios no Jardim de S. Lázaro
Pelargonium sp.
«S. Lázaro nasceu muito pálido. Rescendia a ovelha molhada. Quando lhe davam uns açoites, lançava torrõezinhos de açucar pela boca. Captava os menores ruídos. Uma vez confessou a sua mãe que podia contar na madrugada, pelas suas pulsações, todos os corações que havia na aldeia.
Depois de ressuscitar inventou o ataúde, o círio, as luzes de magnésio e as estações de caminhos-de-ferro. Quando morreu estava duro e laminado como um pão de prata. A sua alma ia atrás, desvirgada já pelo outro mundo, cheia de aborrecimento, com um junco na mão.»
Federico García Lorca, Poemas em prosa (trad. José Bento)
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