18/06/2008

Silene de boa raça


Silene littorea

Entretidos a esquadrinhar cada metro quadrado de terreno em busca de raridades, corremos o risco de não dar o devido valor àquelas plantas que se nos afiguram abundantes. Sucede por vezes que a fartura é local e a planta tem uma distribuição global restrita; inversamente, uma planta que nos pareça rara localmente pode ser espontânea em regiões muito mais vastas. As silenes fornecem disso um bom exemplo: a Silene nicaeensis, escassamente presente no litoral português, distribui-se pela costa mediterrânica europeia de Portugal até à Grécia; a Silene littorea, por seu turno, embora salpique de magenta grandes extensões das nossas dunas, só se encontra na costa oeste da Península Ibérica. Em suma: é uma planta portuguesa, e só em muito menor grau espanhola; a sua alma não é ibérica, mas lusitana. Teríamos celebrado com ela o 10 de Junho se não andássemos tão distraídos.



Estas imagens foram colhidas nas dunas adjacentes à praia de São Jacinto - não na Reserva Natural, onde, muito avisadamente, é proibido caminhar nas dunas. Apesar da menor protecção de que beneficiam, e de haver mesmo, em certos pontos, sinais de veículos todo-o-terreno, as dunas de São Jacinto estão bem conservadas e possuem uma vegetação riquíssima. Quem quiser visitá-las deve fazê-lo em pequenos grupos (não mais que três ou quatro pessoas), evitando pisar as plantas. Na foto em baixo, além da Silene littorea, vêem-se cordeirinhos-da-praia à direita, luzernas-das-areias (Medicago marina) à esquerda, morganheiras-da-praia ao centro, e estorno (Ammophila arenaria) na crista das dunas.


São Jacinto - Aveiro

1 comentário :

Anónimo disse...

Há muito que queria deixar aqui os Parabéns e o meu Obrigada pelo vosso fantástico blog que todos os dias me dá novas alegrias!