Da Austrália, com paixão
Passiflora aurantia var. aurantia
Quem sabe se não terá sido por falta de material didáctico de qualidade que a evangelização dos povos indígenas australianos nunca foi longe. É que nenhuma das três ou quatro espécies de Passiflora que lá existem ilustra a paixão de Cristo com o rigor e a abundância de pormenores das suas congéneres sul-americanas. A flor da foto é bem capaz de ter tudo, mas, além dos dois apóstolos excluídos por mau comportamento, há outros cinco que ela não mostra, vá-se lá saber porquê: as pétalas interiores ficam ocultadas pelas exteriores, que se recusam a abrir mais o cálice. E também a coroa de espinhos, enterrada no aconchego da corola, se esconde da nossa vista.
Outras peculiaridades desta passiflora-dos-antípodas são a durabilidade das flores - três ou quatro dias, quando o normal é um dia só - e o facto de elas começarem por ser de um amarelo pálido, passando gradualmente a cor-de-laranja (= aurantia). Os frutos, esféricos ou elipsoidais, têm cerca de 5 cm e ganham uma tonalidade lilás ao amadurecerem; ainda que comestíveis, são, ao que dizem, pouco saborosos.
A P. aurantia é nativa do nordeste da Austrália, das ilhas Fiji, da Malásia e da Nova Guiné. Apesar da sua origem tropical e sub-tropical, suporta um clima mais frio desde que esteja a salvo das geadas. A planta da foto, cultivada nos Kew Gardens, vegetava feliz na pequena estufa não aquecida adjacente ao jardim do recolhimento (secluded garden).
1 comentário :
Nossa! Que foto poética!!! Acabei de publicar um livro de poesias que foi inspirado no jornalismo ambiental, em fotos da natureza e em projetos de Educação Ambiental. O objetivo principal da obra é, por meio da poesia, despertar a consciência conservacionista em relação aos escassos e tão ameaçados recursos naturais do País, bem como construção da cidadania, ética e cultura de paz. Esse blog é INSPIRADOR.
Grande abraço. Rosi Cheque - jornalista e poeta (São Paulo - Brasil)
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