Os nós e as dunas
Polygonum maritimum L.
Depois de termos aqui trazido duas das espécies do género, que há ainda a dizer sobre os polígonos? Mesmo o leitor que não prosseguiu estudos geométricos avançados terá ideia de que polígono não é bem uma planta, mas antes uma figura esquinada que se pode rabiscar num papel. Acontece que ambas as acepções do termo - planta e figura geométrica - são justificadas pela etimologia da palavra: poli e gono são vocábulos gregos que significam muitos e ângulos; e gono tem ainda outros significados de índole semelhante, como nós, articulações ou joelhos. Se a aplicação do nome a entidades como triângulos ou rectângulos não levanta dúvidas, já no que toca à planta ele alude aos nós dos caules, em geral inchados e, no caso do Polygonum maritimum, revestidos por uma bainha (ou estípula) avermelhada. As designações inglesas knotgrass ou knotweed são, aliás, motivadas pela mesma observação.
O polígono-marítimo é uma planta rastejante, perene, de base lenhosa, com ramos que se estendem até 50 cm. As folhas são ovais, estreitas e curtas (2 cm), com margens recurvadas, e as flores (até 4 mm), que aparecem de Março a Dezembro, brotam dos nós dos caules em grupos de duas a quatro. Vive exclusivamente na orla marítima, por vezes ao alcance das marés cheias, em dunas, rochedos ou praias de seixos. Planta europeia, ocorre tanto na costa atlântica como na mediterrânica, e faz ainda incursões nos Açores e às praias do Mar Negro.
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