Viver do alheio
Limodorum trabutianum Batt.
Quase inteiramente violácea, com floração de Verão e um caule estriado de mais de meio metro de altura, esta orquídea seria fácil de detectar se não fosse tão rara. Culpa dela, que opta regularmente pela auto-polinização (há mesmo registo de floração e frutificação subterrâneas) e é dependente da dieta que lhe servem os fungos que revestem o rizoma curto de raízes grossas. Como no L. abortivum (L.) Swartz, as folhas são caulinares, dispostas em hélice e reduzidas a escamas, e a planta pode decidir desaparecer por longos períodos depois de um ano pouco chuvoso ou se a vegetação vizinha se adensa. Ocasionalmente surgem exemplares mais verdes, resultado talvez de variações na luminosidade ou no substrato do habitat. É espontânea em lugares sombrios de solo calcário no oeste da região mediterrânica e sudoeste da Europa, mas ausente do noroeste peninsular.
As duas espécies do género Limodorum diferem pela haste, que no L. trabutianum é esverdeada (supomos que por conter um resto de clorofila), pelo labelo, que nesta espécie não é contraído na base e por isso quase não se distingue das outras pétalas, e pelo esporão, que aqui é rudimentar e mede de 0.5 a 3 mm em vez dos 25 mm com muito néctar do L. abortivum.
O nome da espécie homenageia Louis Charles Trabut (1853-1929), botânico francês com uma obra extensa sobre a flora da Argélia e da Tunísia.
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