15/12/2011

Patinha-de-osga

Hymenocarpos lotoides (L.) Vis.


Depois do Dorycnopsis gerardi, é altura de apresentarmos mais uma leguminosa a que Lineu chamou Anthyllis mas que acabou por se arrumar noutro género. E aos desertores Dorycnopsis e Hymenocarpos há ainda que acrescentar o género mono-específico Tripodium, também resultante de cisão no género Anthyllis. Não admira, pois, que este último esteja francamente depauperado: em território português só sobra uma espécie no continente (A. vulneraria, dividida em quatro subespécies) e outra na Madeira (A. lemanniana, endemismo do arquipélago).

O Hymenocarpos lotoides recebeu, em vernáculo, o nome algo viscoso de patinha-de-osga, que para nós permanece misterioso por falta de ocasião para confrontar ao vivo o bicho com a planta. Mais fácil é dissecar o nome científico: Hymenocarpos refere-se à membrana (hymeno) circular que enfeita o fruto (carpos) do H. circinnatus; o epíteto lotoides informa-nos da semelhança da planta com as leguminosas do género Lotus.

A (seja então) patinha-de-osga é uma herbácea anual algo hirsuta, bastante ramificada, com hastes até 50 cm de comprimento; as folhas são compostas por um número ímpar de folíolos, às vezes por um só; nas inflorescências destacam-se os cálices alongados, marcados por estrias castanhas. Distribuída pela Península Ibérica e por Marrocos, e presente em Portugal de Trás-os-Montes ao Algarve, vive em terrenos incultos ou charnecas, e floresce ao longo da Primavera. No Douro é fácil vê-la florida no mês de Maio, ocupando as bermas das estradas para os lados de São Salvador do Mundo e da barragem da Valeira.

2 comentários :

Carlos Aguiar disse...

Bem escrito e informativo, como sempre.

Paulo Araújo disse...

Obrigado, Carlos.