07/06/2013

Coroa de favas

Coronilla minima L.


Quem por altura da Páscoa visita os maciços calcários do centro-oeste não pode deixar de notar a profusão amarela de um arbusto (Coronilla glauca) muito apropriadamente chamado pascoinhas. O amarelo, por ser a cor das flores da maioria das plantas espontâneas no nosso país, sejam elas herbáceas ou arbustivas, muitas delas leguminosas como esta, não é talvez a escolha mais apropriada para uma planta que quer chamar a atenção. Mas ao engodo visual as pascoinhas juntam a atracção do perfume. E são plantas mansas e compostinhas, sem a agressividade espinhenta dos tojos nem a cabeleira desgrenhada das giestas.

Um traço comum a muitas plantas do género, e que explica o nome científico Coronilla, é que as flores surgem agrupadas em coroas perfeitamente circulares na extremidade das hastes. Nesse aspecto, a C. minima, que encontrámos nas margens do Douro junto à barragem da Bemposta, pouco ou nada se diferencia da sua congénere mais meridional. Que seja de mais pequeno porte, atingindo apenas os 60 cm quando a C. glauca pode chegar a 1,5 m, não permite uma distinção inequívoca, pois tudo o que é grande começa por ser pequeno. Mais seguro é observar que o pedúnculo da inflorescência é, na C. minima, muito mais comprido (fotos 2 e 4); e que as suas folhas, desprovidas de pecíolo, exibem um par de folíolos basais encostados ao caule (foto 2).

Não tendo à mão uma cábula com estes detalhes, o leitor pode socorrer-se da diferenciação geográfica. Se, ao percorrer as margens do Douro internacional, encontrar uma planta parecida com esta, é certo que é dela que se trata, uma vez que a C. glauca, apesar de assinalada para o Douro Litoral, nunca foi vista por paragens transmontanas. Reciprocamente, das Beiras para sul também não há confusão possível, por falta de comparência da C. minima. (Ocorrem outras espécies de Coronilla em Portugal, mas de aspecto geral bastante diferente.) A única província onde ambas se misturam é, segundo a Flora Ibérica, o Douro Litoral mas nenhuma delas parece lá ter sido observada em anos recentes. De facto, a julgar pelo mapa de distribuição da espécie no portal Flora-On, a C. minima é entre nós uma raridade. Felizmente não está confinada ao lado de cá da fronteira, surgindo na bacia mediterrânica (Europa e norte de África) de Itália para oeste.

1 comentário :

bea disse...

Ai! "cabeleira desgrenhada das giestas"... não vos perdôo. As giestas são tão bonitas! e não são desgrenhadas.
Tá bem, são opiniões.