Semprevivas na Cantábria
Sempervivum vicentei Pau
Hoje, mais uma vez, é uma planta da Cantábria que está na montra, e estamos ainda longe de esgotar o rol de espécies em flor que lá vimos no Verão passado. Julgar-se-á que a nossa estadia foi longa, mas não, não houve tempo para isso. Andámos pouco mais de um dia num bosque e num pico a grande altura, e foi o bastante para encontrarmos sem esforço uma mão-cheia de novidades que só conhecíamos em fotos. Os astronautas da missão Apollo 11 estiveram quase o mesmo tempo na Lua, ou a levitar junto a ela, e não viram tanto.
O género Sempervivum é uma dupla novidade porque não ocorre em Portugal, ainda que em Espanha se conheçam umas seis espécies, com flores que parecem versões gigantes das do Sedum. O S. vicentei é um endemismo espanhol, das montanhas da metade norte da Península Ibérica. Pareceu-nos muito abundante nas fissuras de rochas expostas ao frio, a evitar a sombra de plantas vizinhas, em locais onde quase todas as herbáceas nascem agasalhadas por uma lanugem muito conveniente. Notem como as folhas carnudas, ciliadas, glaucas mas com pontas púrpura como narizes vermelhos no ar gelado, se dispõem em rosetas basais densas que seguram bem a planta na pedra, e cobrem como telhas as hastes florais. O nome do género, optimista ao aludir à eternidade, refere-se ao facto de serem herbáceas perenes, de folha persistente, traços que até são comuns a muitos outros géneros da família Crassulaceae.
Para quem se anime a programar um passeio botânico à Cantábria ou às Astúrias, aqui ficam duas informações: do Porto até lá, não há portagens nas autovias espanholas, muito em contraste com o que se passa deste lado da fronteira; se viajar no fim da Primavera, conseguirá ver flores de inúmeras outras espécies (de Saxifraga, Euphrasia, Campanula, Globularia, Pinguicula, Primula, Hepatica, Helleborus, etc., etc.) que a meio do Verão já só nos mostraram as folhas.
1 comentário :
Bom...os astronautas não viram tanto porque a lua não é a terra:), é assim a modos que um outro-outro, verdade de monsieur de La Palisse:))
Mas a Cantábria, em pouco tempo - para quem sabe olhar que se fora eu a ver nada veria ou muito pouco -, tem espécies muito interessantes. Parabéns pelos achados e pela viagem.
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