Violeta de La Palma
La Palma, La Isla Bonita, tem um formato triangular e constitui com El Hierro o par de ilhas mais jovens, e mais ocidentais, do arquipélago das Canárias. Localizada aproximadamente no baricentro deste triângulo, e a dominar o norte da ilha, a caldeira do vulcão Taburiente é uma bacia erodida com 9 quilómetros de diâmetro, em cujo cume se atinge o ponto mais alto desta ilha: Roque de los Muchachos, a cerca de 2420 metros de altitude, acima das nuvens trazidas pelos ventos alíseos e, por isso, com um clima continental seco.
A actividade vulcânica mais recente em La Palma (em 1971 e em 2021) ocorreu longe deste centro elevado, nos vulcões Teneguía e Tajogaite, a sul e sudoeste da ilha, respectivamente. E é precisamente a relativa tranquilidade geológica da caldeira do Taburiente que ali assegura um habitat propício à instalação de telescópios gigantes de olhar apurado, que tiram partido de uma atmosfera que minimiza as deformações ópticas e de regras na iluminação pública que reduzem a poluição luminosa, como dita a Declaração da Unesco sobre a defesa do céu nocturno e do direito à luz das estrelas. Não deixa de ser surpreendente a necessidade de legislar para defender este nosso direito.
Essas condições naturais são igualmente benéficas à vegetação de alta montanha, seja o matorral que aprecia solo pedregoso árido e a quem basta a humidade que as escórias vulcânicas recolhem do orvalho, sejam as herbáceas das ladeiras ressumbrantes do interior da caldeira, um dos nichos de vegetação rupícola mais interessantes do arquipélago das Canárias. E, tal como o Pico do Teide (acima dos 2100 m) e o Maciço de Anaga (entre os 700 e os 900 m), ambos em Tenerife, a caldeira do Taburiente tem uma violeta só sua, que habita gretas e terrenos pedregosos secos entre os 1900 e os 2400 m de altura, e floresce de Abril a Maio.
Trata-se de uma herbácea perene (tal como a do Teide; a violeta de Anaga é vivaz), com talos lenhosos, que pode chegar aos 25 cm de altura. Explorando fotos dos detalhes, a violeta de la Palma distingue-se bem das violetas do Teide e de Anaga pois tem folhas pecioladas, um tom claro de roxo nas pétalas e um esporão delgado. As flores são maiores do que as da violeta do Teide, mas tal como nesta o lábio inferior exibe uma mancha amarela sublinhada por uns (leves) tracinhos escuros. Contudo, só a violeta de La Palma forma tapetes azulados que cobrem vastas encostas de pedra expostas ao sol (e às outras estrelas).
2 comentários :
Que violeta tão bonita!!
Uma maravilha! Um chão de pequenos mosaicos violeta.
Li há dias sobre o incêndio lavrando na Caldeira de Taburiente e não pude deixar de pensar na finitude das coisas. Das nossas reservas de Natureza e Humanidade.
Saudações
Enviar um comentário