29/12/2006

Quinta da Nasceágua



Levado pela descrição que dela é feita no livro Parques e Jardins dos Açores, de Isabel Soares de Albergaria (ed. Argumentum, 2005), visitei a Quinta da Nasceágua, na ilha Terceira, no princípio de Outubro: dias de céu soturno em que um ar morno e pegajoso encharcava a roupa de suor. Dias quase tropicais, afinal, a condizer com a vegetação preponderante da quinta: uma colecção de palmeiras dominada pelas palmeiras-elegantes, fetos arbóreos, cicas, grandes maciços de fiteiras (Cordyline australis) - tudo isto em volta do lago sinuoso com o bordo pintado de um incongruente azul-piscina. No resto da quinta, o carácter tropical da vegetação atenua-se: além dos metrosíderos à entrada, há uma alameda de buxo - quase um túnel de tão cerrada - desembocando num largo circular sombreado por plátanos. No centro do largo, uma mesa de granito suporta uma escultura com quatro bustos femininos, representando porventura as quatro estações do ano. À exuberante companhia das palmeiras preferi, durante a visita, o aconchego dos plátanos neste largo rústico, que me fizeram sentir como em casa. Por contraste, as rãs do lago foram bem explícitas em mostrar o seu desagrado pela minha presença, precipitando-se na água sempre que me aproximava.

Apesar de a Quinta da Nasceágua existir desde o século XVI, a sua configuração actual, o essencial da sua colecção botânica, e a própria casa da quinta datam do final do século XIX. Funcionando actualmente como turismo de habitação, é um lugar que dá gosto conhecer.

1 comentário :

Anónimo disse...

Deixo a minha vénia a este espaço. É fantástico.

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