Origami
O xintoísmo é uma antiga religião politeísta do Japão, cujos seguidores acreditam que a terra japonesa, e os seus corajosos e honestos habitantes, foram a primeira e melhor criação divina. Os que a professam adoram seres superiores (os kami) que são espíritos das montanhas, das árvores, dos ribeiros, dos ventos, das nuvens, do céu e do mar. Sem escrituras sagradas, teologia, busca de salvação e salvadores, pecados e códigos de conduta, basta-lhe uma absoluta fidelidade à memória, ao passado, à tradição, a lugares familiares, e uma união harmoniosa com a natureza, que é sagrada: estar perto dela é estar ao pé dos deuses. Por respeito à arvore, em origami o papel nunca é «podado». E são enfeites de origami que embelezam os altares onde se adora a divindade mais poderosa - feminina e que representa o Sol -, se alimenta o orgulho pela proximidade aos deuses, e se tecem lendas, cultos e superstições.
Cleyera fortunei
Entre os seres sagrados para o xintoísmo está a Cleyera fortunei, arbusto do Nepal, China e Japão, da família Theaceae como as camélias, mas de folhas variegadas que nascem cor-de-rosa. Os textos científicos indicam que as flores são minúsculas, parecendo grãos de arroz presos aos ramos, e os frutos são bagas vermelhas, pretas quando maduras. Mas nunca vimos nem umas nem outros nos exemplares que conhecemos, no Parque de S. Roque e em Serralves.
O nome homenageia Andreas Cleyer, médico alemão (1634-1697), que visitou o Japão nos anos 80 do século XVII e foi autor de Miscellanea Curiosa (1689), um conjunto de artigos sobre plantas japonesas com reproduções e aquela que é considerada a primeira descrição europeia da Camellia japonica.
3 comentários :
Informações que além de lindas, são preciosas! E aqui vamos pelas camélias "adentro" ... Abç
As flores são bastante bonitas mas não muito pequenas, ao contrario da Eurya japonica. No palácio de Cristal aparecem exemplares desta espécie não variegados.
Alguns «sites» mostram flores (brancas) de Cleyera japonica e dizem que são muito perfumadas. Esta espécie é monóica, não há portanto razão óbvia para os exemplares que conhecemos não florirem ou frutificarem.
Há uma Eurya japonica junto à entrada, à direita, do Jardim Botânico, e as flores são de facto pequenininhas, muito menores que as da Cleyera.
Pode dar-nos uma indicação do local no Palácio de Cristal onde estão esses exemplares de Cleyera não variegados?
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