25/09/2007

Cipreste-de-Monterey


Cupressus macrocarpa - Parque Florestal de Amarante

As árvores não têm que respeitar as linhas divisórias dos estados, mas as 50 parcelas que compõem os EUA são suficientemente vastas para albergarem numerosos endemismos, como esta árvore com que fechamos o nosso ciclo de ciprestes: trata-se do cipreste-da-Califórnia (também conhecido como cipreste-de-Monterey), que não ocorre espontaneamente em nenhum outro estado americano. Este cipreste, que se distingue pelos seus ramos ascendentes, quase verticais nas árvores jovens, e pelo tronco encordoado, apresenta-se ora com hábito colunar (é o caso de alguns exemplares no Parque de Serralves), ora com copa ampla e arredondada, como a árvore na foto. Cresce rapidamente e não costuma ultrapassar os 30 metros de altura, mas o tronco é por vezes de grande envergadura. Os aveirenses recordam decerto o grande cipreste-de-Monterey, com quase 7 metros de perímetro do tronco, que existia no jardim do Parque D. Pedro, à face da avenida Artur Ravara: classificado de interesse público em 1939, danificado por um ciclone em 1942, sobreviveu até há meia-dúzia de anos com a copa muito reduzida; mas dele hoje só resta a base do tronco, testemunho assaz elucidativo do colosso que ele foi. Tive a sorte de o ter conhecido ainda vivo, mas não a previdência de o fotografar.

O cipreste-da-Califórnia, conterrâneo dos Beach Boys, dá-se muito bem à beira-mar. Há tempos, alguém teve o atrevimento de eleger as 10 mais magníficas árvores do mundo: a lista não terá sido compilada por votação democrática, mas a escolha, apesar da hegemonia norte-americana, revela algum esforço de equilíbrio. Em décimo lugar ficou justamente um Cupressus macrocarpa, notável não pelo tamanho mas pelo lugar onde lhe calhou viver: isolado num rochedo batido pelos ventos e marés do Pacífico.

P.S. Ver aqui fotos antes-e-depois do cipreste-de-Monterey do Parque D. Pedro, em Aveiro. Obrigado, Pedro!

3 comentários :

a d´almeida nunes disse...

Peço desculpa pela ousadia mas, tendo em conta a javardice cometida, aqui deixo o endereço duma fotografia de ontem, do pós-corte duma árvore de grande porte (penso que terá sido um pinheiro, em vida)aqui perto de Leiria. Até me envergonha dizer o nome do local onde este atentado foi cometido. Devo acautelar que não conhecia o local antes do abate da árvore, mas, pelo aspecto do interior do tronco, não me parece que estivesse em situação de queda iminente e perigosa.
http://bp0.blogger.com/__Cp74pn-pns/RvfyO5lUYPI/AAAAAAAADfQ/QNi8s1vZmWo/s400
A vossa série sobre cyprestes está extraordinária e os textos são um hino às Árvores e ao ambiente.
António Nunes

Paulo Araújo disse...

É sempre bom tentar saber se o abate foi gratuito (ou a pedido de alguém a quem árvore incomodava, ou porque levantava o passeio, ou para possibilitar alguma obra) ou se houve justificação séria. Mas é sempre uma pena, pois uma árvore desse tamanho não se substitui em dois dias.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Depois de seis anos a estudar (ou pelo menos a esforçar-me para tal...)em Aveiro, de tantas vezes ter passado defronte desse enorme cipreste, não posso deixar de me sentir órfão da sua presença.

Foram árvores como essa que me "ensinaram" a amar esses seres extraordinários e que deveriam sempre morrer de pé...