22/01/2008

Espinhenta e expansionista



Hakea sericea

O género Hakea é endémico da Austrália, pertence à família da Banksia e da Grevillea, e inclui cerca de 150 espécies de arbustos ou pequenas árvores. Algumas delas, como esta Hakea laurina que vegetou incógnita durante anos num certo jardim do sul do país, têm flores muito atraentes; mas a H. sericea, que hoje aqui trazemos, não se recomenda pela beleza: é um arbusto de porte desgrenhado e floração discreta, com a agravante de ter folhas dolorosamente aculeadas. A sua vocação mais óbvia é para formar sebes que travem de forma eficaz a passagem de intrusos. Com esse intuito, foi introduzida em vários países, mas não tardou a revelar outra qualidade desagradável, que aliás partilha com muitas das suas compatriotas: é uma invasora temível, que tira partido dos fogos florestais para germinar ainda em maior escala. Está declarada como peste na África do Sul; em Portugal, o Decreto-Lei 565/99 incluiu-a na lista de espécies invasoras. Se a lei fosse para levar a sério, seria inconcebível vermos a H. sericea cultivada em jardins públicos; mas, sendo as coisas como são, encontramo-la tranquilamente no Parque de São Roque, no Porto, na companhia das acácias anatemizadas pelo mesmo decreto. E, o que é ainda mais grave, também já a vimos no Parque Biológico de Gaia e à entrada do centro de acolhimento da reserva das Lagoas, em Ponte de Lima.

P.S. Visite a página do projecto Plantas Invasoras em Portugal para mais informação sobre esta e outras espécies daninhas.

2 comentários :

Anónimo disse...

Informação de utilidade publica! Poucos entendem isto.

Anónimo disse...

A sua expansão em áreas ardidas na zona de Valongo e de Aguiar de Sousa, após os sucessivos incêndios é perfeitamente visível. Concorre com os eucaliptos e com as mimosas. As autóctones são coisa do passado!