25/02/2008

Rio amarelo



Rio Tâmega: mimosas (Acacia dealbata), pinheiros-bravos e tojo

Não sabemos até onde vai o caminho que, partindo do Parque Florestal de Amarante, acompanha, pela margem esquerda do rio, o curso descendente do Tâmega. Talvez ele se prolongue até Marco de Canavezes e depois continue até Entre-os-Rios, onde o Tâmega entrega a alma ao Douro. Seriam trinta quilómetros bem puxados numa paisagem que de bucólica já tem pouco: casas em desalinho, uma pista para jogos aquáticos, viadutos de auto-estrada, uma barragem mais adiante para completar o estrago. E, incessante como o azul do rio, corre a seu lado o amarelo das mimosas em flor. Existem outras árvores à beira rio - salgueiros, choupos, amieiros -, mas na disputa territorial a vantagem das acácias é avassaladora; e, quanto mais progredimos rio abaixo, mais se acentua o seu domínio.

Se a vegetação arbórea nos causa justificado desgosto e não nos entusiasma a ir muito longe, o caso muda de figura se estivermos atentos à vegetação rasteira. Já aqui encontrámos várias dezenas de espécies autóctones, na sua maioria herbáceas (géneros Campanula, Chelidonium, Geranium, Lamium, Leucanthemum, Linaria, Lithodora, Myosotis, Omphalodes, Pentaglotis, Ranunculus, Saxifraga, Silene, Viola, entre muitos outros) mas também lenhosas (Calluna, Cistus, Erica). Como nem todas dão espectáculo na mesma época do ano, o nosso regresso é sempre premente. E há um dilema que nos perturba: é óbvio que urge intervir para controlar a praga das mimosas; mas, se alguém se lembra de lançar uma requalificação tipo Polis, não só desapareceriam as mimosas como seria desbaratada toda esta riqueza vegetal que passa despercebida aos olhos de muitos.

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